sábado, dezembro 21, 2019

ENTREVISTA DE MAURICIO MELO JÚNIOR

MAURÍCIO MELO JÚNIOR – O escritor, jornalista, crítico literário e documentarista Maurício Melo Júnior, é catendense que viveu muito anos em Palmares, cidades da região Mata Sul de Pernambuco, radicado atualmente em Brasília. Ele é graduado em Comunicação Social e pós-graduado em Ciência Política e Economia, tendo atuado em diversos veículos jornalísticos como Correio Braziliense, Jornal do Brasil (RJ) e Zero Hora (RS). Escreveu e publicou diversos livros infantojuvenis, além de uma novela e um volume de crônicas. Tem contos publicados em diversas antologias, participado de diversos eventos literários em todo país e escreve resenhas para o jornal Rascunho (Curitiba/PR) e crônicas semanais para o blog Jornal da Besta Fubana (Recife/PE). Ele concedeu uma entrevista pra gente, confira.

TTTTT - Mauricinho, vamos pra pergunta de praxe do TTTTT: Como e quando se deu seu encontro com a Literatura?

Foi na primeira infância, em Palmares. Não sei precisar o momento exato, quando me dei conta já tinha me tornado um leitor compulsivo. E lia tudo que me chegava: gibis, poesia, romances, tudo de interessante que encontrava nas prateleiras da banca de revistas de seu Odilo e na Biblioteca Fenelon Barreto, sob a tutela de dona Jessiva. Gostava de dizer que comecei a ler por ser péssimo jogador de futebol. Enquanto os meninos da rua iam jogar, eu ficava em casa lendo, mas parei com a brincadeira depois de ler uma entrevista onde Umberto Eco dizia a mesma coisa.

TTTTT - Quais as referências, influências e indicações da infância e adolescência que levaram você à definição profissional pela Literatura e Jornalismo?

Acho que a principal referência a professora Alzira Rocha Cavalcante, ainda no primário. Ela nos incentivava a fazer dissertações, escrever sobre nossas férias, e eu gostava desse ensinamento lúdico. Já aos 14 anos, 1976, li a novela Os Ambulantes de Deus, de Hermilo Borba Filho, e vi que a literatura estava em meu quintal. Isso também foi decisivo para enveredar pela literatura e o jornalismo. 

TTTTT - Você começa sua carreira literária, salvo engano, ainda jovem em Palmares, com o livro Hóspedes de Antanho, tendo já publicado vários títulos e reedições ao longo das últimas décadas. Qual avaliação você faz dessa sua trajetória?

Hóspedes, de 1986, foi uma publicação apressada que considero mais um rascunho que uma obra propriamente dita. Um ensaio, um treino. O jogo de encarar a literatura com seriedade só a partir de A Revolta do Cascudo, de 1992. E enfrentar o texto com seriedade e autocrítica é fundamental. O segundo romance que escrevi, com o nome de Medo, em 1988, muito me desagradou. Deixei na gaveta por vinte anos. Quando o retomei, o reescrevi dezessete vezes e foi publicado em 2017 com o nome de Noites Simultâneas. Tenho vinte e cinco livros publicados. Creio que tem sido uma boa trajetória.

TTTTT - Pernambucano da Mata Sul, como é que você vê o desenvolvimento literário na Região?

Não tenho acompanhado de perto a literatura da Zona da Mata, lamentavelmente. Sei que existem bons poetas por aí, mas, infelizmente, não tem recebido notícias constantes.

TTTTT - Como você desenvolve o seu processo de criação e escrita?

É a ordenação do caos. Preciso da história contada, então a escrevo do início ao fim. Depois vou reescrevendo. Com anotações feitas com canetas de cores diferentes, faço quatro leituras de cada versão. Nisso vou verificando dados, acrescentando pesquisas, lapidando as frases. Um trabalho criativo instigante e demorado. O romance que lançarei no primeiro semestre de 2020, pela Cepe, Não me Empurre para os Perdidos, mereceu quatorze versões.

TTTTT - Desde 2001 você realiza pela TV Senado o programa Leituras. Fala pra gente as experiências dessa realização já com quase 20 anos de estrada.

Sinto-me privilegiado em trabalhar com o que gosto, literatura. O programa é uma janela para a literatura brasileira. E por ele passaram estrelas como João Ubaldo Ribeiro e Lygia Fagundes Telles e também autores menos conhecido. São mais de seiscentas entrevistas gravadas e veiculadas. Uma experiência incalculável. Tenho aprendido muito com meus entrevistados e com eles descobri que literatura é sedução e trabalho sério.

TTTTT - Você escreve regularmente resenhas para o Rascunhos (PR) e o Jornal da Besta Fubana (PE), entre outras publicações e veículos, afora participar regularmente de eventos literários que ocorrem em todo o Brasil. Fala, então, das suas atividades de crítico literário, da contribuição desses eventos para o seu desenvolvimento literário e as expectativas e satisfações na Literatura Brasileira atual.

Parei de escrever as crônicas para o Jornal da Besta Fubana depois que o Luiz Berto resolveu restringir as publicações do blog para voltar a escrever um romance. Mantenho a colaboração com o Rascunho, não na regularidade que desejo, por acreditar muito na seriedade do projeto. Comecei a escrever crítica literária meio por acaso em um jornal classista, da associação de servidores da Câmara dos Deputados. Quando fui trabalhar no Correio Braziliense, em 1988, o editor de cultura, Rui Nogueira, descobriu esses textos e me levou para o caderno de cultura, onde fiquei por dez anos como repórter e crítico literário. Essa trajetória seguiu com o Leituras, na TV Senado, onde cheguei por concurso público e disposto a falar de política, no entanto, mais uma vez, a literatura voltou a me puxar. Este trabalho tem me levado a vários eventos, do Rio Grande do Sul ao Amapá, ao seja, do Chuí ao Oiapoque, e também da Ponta do Seixas, na Paraíba, a Rondônia e Acre. Com a literatura, pela literatura percorri todo o Brasil. Atualmente vejo com bastante otimismo a literatura brasileira. Temos grandes escritores e o Brasil está se lendo cada vez mais. Infelizmente o mundo ainda não nos descobriu de fato.  

TTTTT - Você tem publicado regularmente títulos para área infanto-juvenil. Como é, para você, o processo criativo, relações e perspectivas com esse público?

A grande maioria de meus livros é infanto-juvenil. Normalmente recebo uma encomenda de um editor e vou à luta, vou descobrir a melhor maneira de abordar determinado tema. Um exemplo? Depois do carnaval de 2019 fui provocado a escrever um livro infantil que falasse do surgimento dos livros e das bibliotecas. Criei, então, uma personagem, Teca, uma traça que mora numa biblioteca e se recusa a roer os livros pelo tanto que os ama. A partir daí ela vai contando toda história dos livros e das bibliotecas. E a recepção tem sido fantástica. Frequentemente sou abordado por leitores que falam com carinho da experiência de leitura de um livro meu. Outro dia recebi o e-mail de uma moça do Pará que foi a Jericoacara, no Ceará, porque ainda guardava a lembrança da leitura do livro A Cidade Encantada de Jericoacara que lera na adolescência.  Isso é o que nos leva a continuar trabalhando.    

TTTTT - Como se dá a conciliação de atividades entre o escritor, o jornalista, o crítico literário e o documentarista?

Caminha tudo junto. Uso o mesmo chip para todas essas atividades. E sempre parto de provocações. Atualmente como jornalista tenho feito dois programas, o Leituras e o Cidadania, onde entrevisto pessoas sobre os mais diversos assuntos. O escritor não para. Estou escrevendo um novo romance, um livro de contos (encomendados a mim por mim mesmo) e um infanto-juvenil sobre Brasília que me foi encomendado por uma editora daqui. O crítico anda meio em banho-maria, atuando de maneira eventual no Rascunho. Também o documentarista está de molho esperando um novo projeto. O último documentário que fiz, Cantorias, é de 2016 e nasceu das entrevistas que não foram aproveitadas em outro projeto, O Homem que Viu Zé Limeira, sobre o jornalista e escritor Orlando Tejo, feito 2013. Sem contar que também escrevi três peças teatrais, uma delas, Volta à Seca, montada com bastante repercussão em Maceió pelo ator Chico de Assis. Mas tudo caminha junto, na medida que os projetos vão surgindo. 

TTTTT - Quais os projetos você tem por perspectiva de realizar?

Muitos. Tenho mais projetos que a Sudene. Kkkkk. Como já disse, estou escrevendo três novos livros. E organizando uma viagem a Portugal. Devo ficar lá por um mês em 2020 buscando material sobre o poeta Miguel Torga. Quero transformá-lo em personagem.

PS: Este blog Tataritaritatá - o TTTTT -, foi criado em 2002, em uma homenagem expressa aos amigos Maurício Melo - pai & baita tal -, e aos irmãos (metralhas) Gilberto e Maurício Melo Júnior. 
Veja mais de Maurício Melo Júnior aqui, aqui & aqui.

sexta-feira, dezembro 20, 2019

RUTE COSTA – LIVRO & ENTREVISTA

 

CALOR

Quero sentir o calor:
Da tua pesença forte e marcante
Do teu abraço macio e relaxante
Do teu beijo molhado e quente
Do teu todo por inteiro.
Como será?
Quando será?
Perguntas, ficam no ar
E me fazem suspirar.
Então, fico como beija-flor
Ou melhor, como a flor
Uma coisa é bem certa
Por tua presença espero.
Como beija-flor és incerto
Se te aproximas não pousa
Me delito a te decantar
Te querendo de certo
(Poema extraído do livro Indolores: poéticas e memórias – Rascunho, 2019)


RUTE COSTA – A escritora e professora Rute Costa possui licenciatura plena em Letras pela Faculdade de Formação de Professores da Mata Sul (FAMASUL), é pós-graduada em Linguística aplicada ao ensino de Língua Portuguesa (FAMASUL), é integgrante da equipe formadora de professores da SEMED-Palmares, idealizadora do projeto de ação voluntária Leitura na Praça, professora da FAMASUL, é integrante da Academia Palmarense de Letras (APLE) e da Amigos da Biblioteca (ABI). Ela concedeu uma entrevista pra gente depois de um longo bate papo sobre suas atividades e projetos.

TTTTT: Rute, você tem uma série de atividades desenvolvidas, mas vamos começar pela educação com a pergunta de praxe: como, quando e o que levou você para a Educação?

Desde criança tinha o sonho de ser professora e assim, mesmo com todas as intempéries da vida, não abri mão de estudar e, desse modo, já no curso de magistério fui convidada por um professor a participar da seletiva para estagiários, passei e assim dei início a minha jornada. Ainda atuando como estagiária, fiz o concurso para professores no município dos Palmares e fui aprovada. Então criei coragem fiz o vestibular para o curso letras na FAMASUL, e assim, ao concluir a graduação fiz o concurso para professores no município do Xexéu e sucessivamente e a pós-graduação em linguística.

TTTTT - Quais as influências da infância e adolescência foram preponderantes para sua definição pela área de Educação e Literatura?

Minha tia Noemia Costa.
Desde pequena acompanhava a luta dela como professora do campo e mesmo sabendo das dificuldades, nasceu em mim o desejo de ensinar e como ela lia bastante, eu sempre pegava os livros dela pra ler e assim fui crescendo gostando de ler e de ensinar as plantas que foram meus primeiros alunos. Lá pelas 8ª série pisei pela primeira vez em sala de aula; fui substituir minha tia e reafirmei meu desejo de ser professora.


TTTTT - Você possui formação em Letras, pós-graduada em Linguística e é professora de Pedagogia da Famasul, afora outras atividades e cursos nas áreas de gestão e avaliação no âmbito escolar, como também é Técnica Pedagógica da Semed – Palmares. Fala a respeito dessas experiências e das articulações entre as ações educativas e literárias.

Sempre fui muito envolvida na leitura e por isso, busquei fazer minha na área que me dava prazer em exercer e o curso de letras foi minha escolha e através do trabalho de leitura que realizava em sala de aula fui indicada pela minha coordenadora escolar para fazer parte da equipe de ensino da secretaria de educação dos Palmares e nesta mesma ocasião iniciei o curso de professora formadora de professores do ensino fundamental pelo IQE.
Como técnica da Semed desenvolvo atividade de formação de professores na área de Língua Portuguesa e acompanho todos os professores e estudantes das turmas de 4º e 5º ano na rede de ensino dos Palmares.
Coordeno há 6 anos o concurso de leitura promovido pela Associação de Atacadistas de Pernambuco (ASPA), através do projeto Ler Bem que tem como público alvo estudantes do 4º ano de no máximo 10 anos de idade. Também acompanho e desenvolvo atividades voltadas para incentivo da leitura nas escolas como, projetos de leitura em rede e escrita. Faz parte das minhas atividades o trabalho voltado para as avaliações externas em Língua Portuguesa como (SAEB e SAEPE) ficando em parte sobre mim da responsabilidade da elevação dos resultados de aprendizagem e da qualidade de ensino em leitura e, como trabalhamos tendo como conteúdo o gênero textual, os textos literários são sempre um dos mais difundidos nas escolas. E, estando atuando na secretaria participo de várias atividades de cunho pedagógico como participação na construção da BNCC, do currículo de Pernambuco, entre outros o que reforça ainda mais o meu currículo e me respalda também para estar lecionando no curso de Pedagogia da Famasul, resguardando-me também para em momentos de eventos e até mesmo nas formações com os professores e aulas na faculdade utilizar- me de momentos de leitura literária como parte do meu trabalho.

TTTTT - Você participou do Programa Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC-MEC). Quais os resultados deste programa na Região?

No programa Pacto Nacional Pela Alfabetização na Idade Certa, atuei na função de orientadora e meu trabalho era voltado para a realização de formação continuada orientada pelas formadoras do PNAIC. Os resultados no nosso município não atenderam às expectativas foram variados ano a ano tendo em vista que no ano que a abordagem era voltada para Língua Portuguesa os resultados dela subiam e Matemática, não. No ano que o foco foi em Matemática os resultados dela subiam porém os de Língua Portuguesa desciam. Assim, na continuidade do programa haviam melhoras e, como o foco era alfabetização conseguíamos avançar gradativamente até o final do programa em 2017. A nível de região prefiro não me comprometer em responder.


TTTTT  - Você possui formação básica em Libras.

Sim. Mas, por não praticar, sinto a necessidade de refazer e aprofundar.

TTTTT  - Quais são as suas perspectivas com relação ao processo inclusivo e a Inclusão de forma geral?

Minhas perspectivas com relação à inclusão são de que quanto mais nos enxergarmos como seres humanos individuais e egocêntricos menos inclusão teremos. Portanto, luto por direitos iguais e respeito às diversidades com base no que rege a constituição que todos somos dotados de direitos e deveres entre um de nossos direitos está o direito à educação gratuita e é dever do estado oferecer a todos sem distinção. E isso independe de, necessidade especifica ou deficiência, síndromes, superdotação ou altas habilidades, Transtorno do Espectro do Autismo, deficiência visual ou auditiva.


TTTTT – Você desenvolve o Projeto Lendo na Praça. Conta pra gente os propósitos e resultados desse seu projeto.

Sim.
Sempre tive o desejo de realizar um trabalho de incentivo à leitura além do que eu realizo na escola ou na secretaria e, no ano de 2016 eu estava residindo numa casa que tinha como frente, uma praça. E nos fins de semana era totalmente silenciosa, surgiu então a ideia de confeccionar um tapete de TNT e espalhar nele, alguns dos livros de meu acervo pessoal e pedi alguns ao Secretário de Educação dos Palmares, Flávio de Miranda que me doou alguns livros e, assim iniciei o projeto com um quantitativo de vinte livros. Em conversa com amigos de trabalho e alguns escritores, o diretor da biblioteca municipal, a escritora Socorro Duran conseguiu uma entrevista para a Rádio Cultura dos Palmares, gibis, presença de alguns deles no momento da abertura e na sequencia por alguns finais de tarde de domingo.
O objetivo desse projeto é despertar o gosto pela leitura nas pessoas e também levar pais e filhos a contarem histórias para seus filhos e vice e versa. Como resultados percebemos o aumento do público e a quantidade de livros doados por pessoas e até escritores para o acervo do projeto, o número de pessoas colaboradoras e o incentivo dos acadêmicos da Academia Palmarense de Letras, como Paulo Profeta que aceitou minha participação no Projeto Pintando na Praça e, assim, meu projeto foi ficando mais conhecido e tomando proporções diferentes como, ampliação do acervo que está em quase 100 livros e alguns autores que fazem questão de terem  seus exemplares fazendo parte do meu acervo.

TTTTT - Você lançou recentemente o livro Indolores: poéticas e memórias, reunindo poemas e textos memoriais. Como se deu a criação e qual o resultado dessa sua experiência literária.

Entre um instante e outro na minha cama, a pensar na condição de recém operada e sem permissão para fisicamente me esforçar. Vem em minha mente algumas palavras e me inquieto a escrevê-las, na verdade em as digitar e enviei o texto para Adriano Sales, que comentário e, me deixou feliz pois, essa absorção do meu poema me levou a acreditar mais no meu trabalho. E ele continuou: - você tem mais desses por aí?  Imediatamente, lembrei de escritos guardados e fui logo dizendo que, sim. Envia –me! – dizia ele.  E assim, surgiu Indolores. Que veio a ser lançada no dia 28 de março de 2019.


TTTTT - Você participa da Academia Palmarense de Letras (APLE). Como se deu o processo de sua integração acadêmica e suas perspectivas a respeito.

Desde 2015, quando surgiu a academia palmarense de letras fui visitar e acompanhar os trabalhos da academia como representante da secretaria de educação e me apaixonei pelo bojo e relevância da mesma para nossa cidade e região. No entanto, eu, ainda não tinha um livro publicado. Mas, já o havia escrito há anos e a editora nunca havia me dado retorno sobre a publicação da obra e fiquei participando como aspirante à acadêmica. Até que, ao publicar Indolores e coincidir de ser ano de eleição à acadêmico e fui aceita e hoje me sinto muito feliz por isso, bem como, com uma grande responsabilidade cultural.

TTTTT  - Você é integrante da Amigos da Biblioteca. Fala pra gente a respeito do seu trabalho e propósitos dessa instituição.

Sim. É uma ONG formada por pessoas envolvidas em atividades de leitura que desejam contribuir para o avanço da leitura em nosso município e na região.

TTTTT - Quais os projetos você tem por perspectiva realizar?

Tenho a pretensão de realizar um projeto para abrir uma biblioteca comunitária no meu bairro para atender crianças e moradores do meu bairro.
Tenho como meta desenvolver alguns recitais literários nas praças da minha cidade em parceria com outros escritores e estudantes em geral.


ENTRA

Aos 40 descobri:
Que sou uma mulher completa:
Inteligente, linda, atraente, decidida.
Imponderada dona do meu nariz.
Aos 41 descobri:
Que dos 40 melhorei
Acrescentei alguns detalhes e solidifiquei.
Sou a mulher que sempre desejei , ser
Ilimitada ao encanto e não fico mais aos prantos
Por qualquer que seja o ser.
Aos 42 resolvi:
Que da adolescência nada me resta
Estou sempre pronta pra festa
Mas, nenhuma lágrima por quem não presta
E se prestar, também não me fará chorar.
Aos 43 me decidi:
Livrar-me de tudo que me atrapalha
Vou começar indo pra navalha
Depois dela volto para as letras
Minha paixão de infância.
E depois que venham todos os entas:
Quarenta, cinquenta, sessenta, setenta
Para que eu possa ler mais,
Amar mais, transformar-me mais
Pois, o melhor da vida é, a transformar.
(Poema extraído do livro Indolores: poéticas e memórias – Rascunho, 2019)

Veja poemas do livro Indolores: poéticas & memórias e o seu projeto Leitura na Praça aqui.