CALOR
Quero sentir o calor:
Da tua pesença forte e
marcante
Do teu abraço macio e
relaxante
Do teu beijo molhado e
quente
Do teu todo por inteiro.
Como será?
Quando será?
Perguntas, ficam no ar
E me fazem suspirar.
Então, fico como
beija-flor
Ou melhor, como a flor
Uma coisa é bem certa
Por tua presença espero.
Como beija-flor és incerto
Se te aproximas não
pousa
Me delito a te decantar
Te querendo de certo
(Poema extraído do livro Indolores: poéticas e memórias – Rascunho, 2019)
RUTE COSTA – A escritora e professora Rute Costa possui licenciatura plena em Letras pela Faculdade de
Formação de Professores da Mata Sul (FAMASUL), é pós-graduada em Linguística
aplicada ao ensino de Língua Portuguesa (FAMASUL), é integgrante da equipe
formadora de professores da SEMED-Palmares, idealizadora do projeto de ação
voluntária Leitura na Praça, professora da FAMASUL, é integrante da Academia
Palmarense de Letras (APLE) e da Amigos da Biblioteca (ABI). Ela concedeu uma
entrevista pra gente depois de um longo bate papo sobre suas atividades e
projetos.
TTTTT: Rute, você tem uma série de atividades
desenvolvidas, mas vamos começar pela educação com a pergunta de praxe: como,
quando e o que levou você para a Educação?
Desde criança tinha o sonho de ser professora
e assim, mesmo com todas as intempéries da vida, não abri mão de estudar e,
desse modo, já no curso de magistério fui convidada por um professor a
participar da seletiva para estagiários, passei e assim dei início a minha
jornada. Ainda atuando como estagiária, fiz o concurso para professores no
município dos Palmares e fui aprovada. Então criei coragem fiz o vestibular
para o curso letras na FAMASUL, e assim, ao concluir a graduação fiz o concurso
para professores no município do Xexéu e sucessivamente e a pós-graduação em linguística.
TTTTT - Quais as influências da infância e adolescência foram preponderantes
para sua definição pela área de Educação e Literatura?
Minha tia Noemia Costa.
Desde pequena acompanhava a luta dela como professora
do campo e mesmo sabendo das dificuldades, nasceu em mim o desejo de ensinar e
como ela lia bastante, eu sempre pegava os livros dela pra ler e assim fui
crescendo gostando de ler e de ensinar as plantas que foram meus primeiros
alunos. Lá pelas 8ª série pisei pela primeira vez em sala de aula; fui
substituir minha tia e reafirmei meu desejo de ser professora.
TTTTT - Você possui formação em Letras, pós-graduada em Linguística e é
professora de Pedagogia da Famasul, afora outras atividades e cursos nas áreas
de gestão e avaliação no âmbito escolar, como também é Técnica Pedagógica da
Semed – Palmares. Fala a respeito dessas experiências e das articulações entre
as ações educativas e literárias.
Sempre fui muito envolvida na leitura e por
isso, busquei fazer minha na área que me dava prazer em exercer e o curso de
letras foi minha escolha e através do trabalho de leitura que realizava em sala
de aula fui indicada pela minha coordenadora escolar para fazer parte da equipe
de ensino da secretaria de educação dos Palmares e nesta mesma ocasião iniciei
o curso de professora formadora de professores do ensino fundamental pelo IQE.
Como técnica da Semed desenvolvo atividade de
formação de professores na área de Língua Portuguesa e acompanho todos os professores
e estudantes das turmas de 4º e 5º ano na rede de ensino dos Palmares.
Coordeno há 6 anos o concurso de leitura
promovido pela Associação de Atacadistas de Pernambuco (ASPA), através do
projeto Ler Bem que tem como público alvo estudantes do 4º ano de no máximo 10
anos de idade. Também acompanho e desenvolvo atividades voltadas para incentivo
da leitura nas escolas como, projetos de leitura em rede e escrita. Faz parte
das minhas atividades o trabalho voltado para as avaliações externas em Língua
Portuguesa como (SAEB e SAEPE) ficando em parte sobre mim da responsabilidade
da elevação dos resultados de aprendizagem e da qualidade de ensino em leitura
e, como trabalhamos tendo como conteúdo o gênero textual, os textos literários
são sempre um dos mais difundidos nas escolas. E, estando atuando na secretaria
participo de várias atividades de cunho pedagógico como participação na
construção da BNCC, do currículo de Pernambuco, entre outros o que reforça
ainda mais o meu currículo e me respalda também para estar lecionando no curso
de Pedagogia da Famasul, resguardando-me também para em momentos de eventos e
até mesmo nas formações com os professores e aulas na faculdade utilizar- me de
momentos de leitura literária como parte do meu trabalho.
TTTTT - Você participou do Programa Pacto Nacional pela Alfabetização na
Idade Certa (PNAIC-MEC). Quais os resultados deste programa na Região?
No programa Pacto Nacional Pela Alfabetização
na Idade Certa, atuei na função de orientadora e meu trabalho era voltado para
a realização de formação continuada orientada pelas formadoras do PNAIC. Os
resultados no nosso município não atenderam às expectativas foram variados ano
a ano tendo em vista que no ano que a abordagem era voltada para Língua
Portuguesa os resultados dela subiam e Matemática, não. No ano que o foco foi
em Matemática os resultados dela subiam porém os de Língua Portuguesa desciam.
Assim, na continuidade do programa haviam melhoras e, como o foco era
alfabetização conseguíamos avançar gradativamente até o final do programa em
2017. A nível de região prefiro não me comprometer em responder.
TTTTT - Você possui formação básica em Libras.
Sim. Mas, por não praticar, sinto a necessidade de
refazer e aprofundar.
TTTTT - Quais são as suas perspectivas
com relação ao processo inclusivo e a Inclusão de forma geral?
Minhas perspectivas com relação à inclusão são
de que quanto mais nos enxergarmos como seres humanos individuais e
egocêntricos menos inclusão teremos. Portanto, luto por direitos iguais e
respeito às diversidades com base no que rege a constituição que todos somos
dotados de direitos e deveres entre um de nossos direitos está o direito à
educação gratuita e é dever do estado oferecer a todos sem distinção. E isso
independe de, necessidade especifica ou deficiência, síndromes, superdotação ou
altas habilidades, Transtorno do Espectro do Autismo, deficiência visual ou
auditiva.
TTTTT – Você
desenvolve o Projeto Lendo na Praça. Conta pra gente os propósitos e resultados
desse seu projeto.
Sim.
Sempre tive o desejo de realizar um trabalho
de incentivo à leitura além do que eu realizo na escola ou na secretaria e, no
ano de 2016 eu estava residindo numa casa que tinha como frente, uma praça. E
nos fins de semana era totalmente silenciosa, surgiu então a ideia de
confeccionar um tapete de TNT e espalhar nele, alguns dos livros de meu acervo
pessoal e pedi alguns ao Secretário de Educação dos Palmares, Flávio de Miranda
que me doou alguns livros e, assim iniciei o projeto com um quantitativo de
vinte livros. Em conversa com amigos de trabalho e alguns escritores, o diretor
da biblioteca municipal, a escritora Socorro Duran conseguiu uma entrevista
para a Rádio Cultura dos Palmares, gibis, presença de alguns deles no momento
da abertura e na sequencia por alguns finais de tarde de domingo.
O objetivo desse projeto é despertar o gosto
pela leitura nas pessoas e também levar pais e filhos a contarem histórias para
seus filhos e vice e versa. Como resultados percebemos o aumento do público e a
quantidade de livros doados por pessoas e até escritores para o acervo do
projeto, o número de pessoas colaboradoras e o incentivo dos acadêmicos da
Academia Palmarense de Letras, como Paulo Profeta que aceitou minha
participação no Projeto Pintando na Praça e, assim, meu projeto foi ficando
mais conhecido e tomando proporções diferentes como, ampliação do acervo que
está em quase 100 livros e alguns autores que fazem questão de terem seus exemplares fazendo parte do meu acervo.
TTTTT - Você lançou recentemente o livro Indolores:
poéticas e memórias, reunindo poemas e textos memoriais. Como se deu a
criação e qual o resultado dessa sua experiência literária.
Entre um instante e outro na minha cama, a
pensar na condição de recém operada e sem permissão para fisicamente me
esforçar. Vem em minha mente algumas palavras e me inquieto a escrevê-las, na
verdade em as digitar e enviei o texto para Adriano Sales, que comentário e, me
deixou feliz pois, essa absorção do meu poema me levou a acreditar mais no meu
trabalho. E ele continuou: - você tem mais desses por aí? Imediatamente, lembrei de escritos guardados
e fui logo dizendo que, sim. Envia –me! – dizia ele. E assim, surgiu Indolores. Que veio a ser
lançada no dia 28 de março de 2019.
TTTTT - Você participa da Academia Palmarense de Letras (APLE). Como se deu o
processo de sua integração acadêmica e suas perspectivas a respeito.
Desde 2015, quando surgiu a academia
palmarense de letras fui visitar e acompanhar os trabalhos da academia como
representante da secretaria de educação e me apaixonei pelo bojo e relevância
da mesma para nossa cidade e região. No entanto, eu, ainda não tinha um livro
publicado. Mas, já o havia escrito há anos e a editora nunca havia me dado
retorno sobre a publicação da obra e fiquei participando como aspirante à
acadêmica. Até que, ao publicar Indolores e coincidir de ser ano de eleição à
acadêmico e fui aceita e hoje me sinto muito feliz por isso, bem como, com uma
grande responsabilidade cultural.
TTTTT - Você é integrante da Amigos da
Biblioteca. Fala pra gente a respeito do seu trabalho e propósitos dessa
instituição.
Sim. É uma ONG formada por pessoas envolvidas
em atividades de leitura que desejam contribuir para o avanço da leitura em
nosso município e na região.
TTTTT - Quais
os projetos você tem por perspectiva realizar?
Tenho a pretensão de realizar um projeto para abrir uma
biblioteca comunitária no meu bairro para atender crianças e moradores do meu
bairro.
Tenho como meta desenvolver alguns recitais literários
nas praças da minha cidade em parceria com outros escritores e estudantes em
geral.
ENTRA
Aos 40 descobri:
Que sou uma mulher completa:
Inteligente, linda, atraente, decidida.
Imponderada dona do meu nariz.
Aos 41 descobri:
Que dos 40 melhorei
Acrescentei alguns detalhes e solidifiquei.
Sou a mulher que sempre desejei , ser
Ilimitada ao encanto e não fico mais aos prantos
Por qualquer que seja o ser.
Aos 42 resolvi:
Que da adolescência nada me resta
Estou sempre pronta pra festa
Mas, nenhuma lágrima por quem não presta
E se prestar, também não me fará chorar.
Aos 43 me decidi:
Livrar-me de tudo que me atrapalha
Vou começar indo pra navalha
Depois dela volto para as letras
Minha paixão de infância.
E depois que venham todos os entas:
Quarenta, cinquenta, sessenta, setenta
Para que eu possa ler mais,
Amar mais, transformar-me mais
Pois, o melhor da vida é, a transformar.
(Poema extraído do livro Indolores: poéticas e memórias – Rascunho, 2019)
Veja poemas do livro Indolores: poéticas & memórias e o seu projeto Leitura na Praça
aqui.