Luiz Alberto
Machado
Tudo começou, na verdade, há algum tempo,
por volta dos anos de 1976/77, quando me transferi pro Colégio Diocesano dos
Palmares, e lá conheci os professores João da Silva, Erivan Félix e Inalda
Cavalcanti, entre outros. A convivência, a amizade e o incentivo dedicado
desses professores proporcionaram que eu, recém-chegado no educandário,
escrevesse, dirigisse e apresentasse o meu primeiro texto teatral, O Prêmio, intitulado à época Em busca de um lugar ao sol sob a
especulação imobiliária – um título horroroso que me fez enxugá-lo e
modificá-lo posteriormente. Foi a partir disso que me engajei empunhando a
bandeira da cidadania, da educação e do meio ambiente.
Nesse colégio, além do convívio direto
com colegas que se tornaram parceiros de arte, pude privar da generosidade de
professores como José Duran y Duran e Pedro Victorio Paiva, que me direcionaram
mais para a poesia e a música. Acrescente-se a isso a inestimável contribuição
da professora e bibliotecária Jessiva Sabino de Oliveira, a quem só tenho que
manifestar minha mais irrestrita gratidão.
Por causa disso, aos sábados, comandadas
pelo Duran, aconteciam as Noites da
Cultura Palmarense, nas quais pude ter ampliado os laços de amizade com
praticantes das mais diversas vertentes artísticas, culminando com o lançamento
da publicação Nova Caiana. Foi nos
eventos dessas noites que pude mostrar minhas músicas, minhas poesias e o meu
teatro.
Aos domingos eu me reunia em almoços para
lá de esclarecedores com o professor João da Silva, que ministrava as
disciplinas de Biologia, Bioquímica e Técnicas de Laboratório, nas salas de
aula da instituição educacional, incutindo em mim ideias para o desenvolvimento
de uma política ambiental. Essa amizade foi estreitada mais ainda quando nos
reunimos com Mauricinho Melo Junior para realizarmos a IV Feira de Música e lavada com êxito na quadra do colégio.
Como consequência dessas realizações
nasceram as parcerias musicais, inicialmente com Fernandinho Melo Filho – com quem
tive a honra de letrar uma penca de músicas -, e, depois, com o então artista
plástico Ângelo Meyer. Dessas parcerias surgiram as apresentações de
saraus/melodramas, com Luiz Gulú de França (violão), Ozi dos Palmares
(violão/viola/baixo), Zé Ripe (Voz/percussão), Célio Carneirinho
(violão/percussão), Ângelo (voz/textos) e Mauricinho (voz/textos). Em seguida,
a trupe se reuniu com artistas plásticos e desenhistas, arregimentados pelo
pintor Javanci Bispo e pela poeta Sandra Lustosa, com a exposição de poemas
ilustrados nas mais diversas escolas palmarenses. É no meio disso que surge a minha
parceria com Gulu e Fernandinho para a música Abusão. E, também, é nessa época que componho a música Aurora e o poema Minha Voz, ocasião da minha transferência para o Colégio Nossa
Senhora de Lourdes, local onde apresentei um show poético-musical que reuniu os
amigos Sérgio David (piano), Virgínio (contra-baixo) e Wilson Monteiro
(bateria).
Fui, então, fazer o curso de Letras na
Famasul, e fui convidado pelo bispo Dom Acácio Rodrigues Alves e José Duran y
Duran, a criar um coral no Colégio Diocesano, resultando numa apresentação que
contou com a participação do cantor Marquinhos Cabral. Em seguida, passei a
ministrar aulas no Cepred, no Colégio Nossa Senhora de Lourdes e em diversos
colégios de Palmares, Joaquim Nabuco e Novo Lino. Foi por esse tempo que publiquei
o meu primeiro livro de poesias Para
viver o personagem do homem, sob coordenação editorial da Nordestal
Editora.
Parti, então, para o Recife e enquanto lançava
o meu livro de poesias A intromissão do
verbo, pelas Edições Pirata, cantava na noite as minhas produções musicais
e poéticas no bar Roda Viva, em Campo Grande, ao lado dos amigos Fernandinho
Melo (violão/viola/guitarra), Caca (contra-baixo) e Sérgio Campelo
(bateria/percussão/cordas), acrescidas depois das participações nessa trupe de
Freire (Flauta) e Samuel (percussão). Foi onde fiz cursos de teatro promovidos
pela Feteape/Sesc/UFPE e de música no Conservatório Pernambucano de Música. Também
tive a grata satisfação de ver encenado o texto teatral A viagem noturna do Sol, pela TTTrês Produções Artísticas, sob a
direção de José Manuel, na Casa da Cultura do Recife.
Vão-se os anos e sou premiado com a
parceria de Gilberto Mélo, para criação da revista A Região, ao lado de Arnaldo
Afonso Ferreira, Paulo Profeta, Elita Afonso Ferreira e Inez Koury,
oportunizando a realização de diversas atividades.
A primeira delas, o convite para
participar da Coordenadoria de Estudos e Pesquisas da recém-criada Fundação
Casa da Cultura Hermilo Borba Filho, na gestão de Juhareiz Correya, na qual
realizei a palestra A atividade artística
para o desenvolvimento do Município, reapresentada em escolas e
instituições locais e de cidades vizinhas. E ao integrar o conselho editorial
da revista A Região, passei a escrever artigos sobre o tema da palestra com
objetivo de levar a ideia aos gestores públicos da região Mata Sul de
Pernambuco.
A segunda, foi aceitar o desafio e o
convite do então presidente da União Brasileira de Escritores (UBE-PE), o
escritor Paulo Cavalcante, para adaptar, dirigir, musicar e encenar a peça
teatral João sem Terra, de Hermilo
Borba Filho, com o Grupo Terra, de Palmares. Nessa realização, ministrei cursos
de preparação de ator para os jovens participantes, culminando com a encenação
da peça no Teatro Cinema Apolo, numa promoção da Revista A Região e da Fundação
de Hermilo. Com esse grupo pude desenvolver diversos cursos de Teatro Popular,
tendo, por consequência, a realização pública nas ruas da cidade, da apresentação
Quilombo, que resultou na exibição do
filme Quilombo, de Cacá Diegues. E, depois disso, realizamos a apresentação do
espetáculo Contrastes Natalinos,
reunindo diversos grupos teatrais de Palmares, resultando, disso, na criação da
Associação Teatral Palmarense (Atep) e na minha participação como diretor
regional na Federação de Teatro Amador de Pernambuco (Feteape).
A terceira, a realização do meu show autoral
e poético-musical Por um novo dia, tanto
solo como com os músicos Vavá de Aprígio (guitarra), Davi Ideais
(contra-baixo), Mano (teclados) e Davi Catende (bateria).
Para maior embasamento na minha proposta
de Cidadania, Educação e Meio Ambiente, vou estudar no curso de Direito, enquanto
desenvolvo o projeto Circo Itinerante,
com encenações teatrais, shows musicais, exposição de pintura, esquetes,
brincadeiras, lançamentos e exposição de livros e apresentações das mais
diversas vertentes culturais e artísticas.
Vem, então, a apresentação do programa Horagá, ao lado de Gilberto Melo, na
Rádio Cultura dos Palmares, e criação das Edições
Bagaço, reunindo todo pessoal da Revista A Região. Com a criação da editora, pude então adaptar para o
teatro infantil e realizar apresentações dos livros de Elita Afonso Ferreira,
publicando por esse selo editorial dois dos meus livros de poesias Raízes & Frutos e, também, Canção de Terra. Nessa época desenvolvo
o projeto de quadrinhos Aventureiros do Una,
com o artista plástico e ator, Rolandry Silvério.
É quando assumo o Departamento de
Jornalismo da Rádio Quilombo dos Palmares, na qual passo a redigir os
noticiários e os dois jornais da emissora, apresentando, aos domingos, o meu
programa poético-musical Panorama,
com entrevistas e inventário da música brasileira. É nesse momento que o
saudoso cantor e músico, Félix Porfírio, grava a nossa parceria Perdi a noção de ser feliz, no seu disco
Gonzagão, meu professor.
Nesse período assumo a presidência do
Conselho da Fundação Casa da Cultura Hermilo Borba Filho, na gestão de Edvaldo
Monteiro, ocasião em que se dá a criação da Comissão de Defesa do Meio
Ambiente, ao lado do professor João da Silva. Com isso, passamos a participar
dos debates da ECO-92 em reuniões na Sudene, em Recife, e intercâmbio com
instituições ambientalistas do Brasil e do Exterior, resultando da realização
de shows poético-musicais, composição de trilha sonora e de documentários
acerca da questão ambiental na Mata Sul de Pernambuco.
Ao mesmo tempo, assumo a direção regional
do Sindicato dos Radialistas de Pernambuco, na gestão Roberto Calou, bem como
da Assessoria de Imprensa da Associação Comercial dos Palmares, gestão Wamberto
Santos, e da Câmara de Diretores Lojistas, nas gestões de Ebenezer Frias e
Ivaldo Sá Barreto.
Nesse ínterim, ocorre o lançamento da minha
antologia poética Primeira Reunião e do
meu primeiro livro infantil O Reino
Encantado de Todas as Coisas, ambos pelas Edições Bagaço. É quando ocorre o
fato de que o meu parceiro de muitas músicas, Santanna, o Cantador, grava em
seu disco a nossa parceria Nunca chore
por mim. O parceiramigo Mazinho grava nossa parceria Entrega, que foi também gravada pela dupla Cikó & Linaldo; e o
Cikó gravou a nossa parceria, o frevo Santa
Folia.
Com o lançamento do meu livro infantil Falange, Falanginha, Falangeta, passo a
realizar recreações pedagógicas, possibilitando a adoção do meu livro em diversas
escolas de Alagoas e Pernambuco. Por conta disso, passo a editar o zine e,
depois, tabloide da publicação literária e cultural Nascente que promove o
Prêmio Nascente de Arte Infanto-Juvenil, trazendo por resultado a publicação
das antologias Brincarte com
trabalhos da garotada, ocasião que crio o selo Edições Nascente e publico os
livros infantis O lobisomem zonzo e O cravo e a rosa.
Como resultado das apresentações em
escolas das redes pública e privada, em parceria com o empresário Marcos
Palmeira, é lançado o meu livro infantil Alvoradinha:
calango verde do mato bom. Dessa parceria, surgiram os projetos Folia
Caeté, que proporcionou a gravação dos meus frevos, e o CDL Criança, levado
pela CDL de São Miguel dos Campos, então presidido pelo empresário.
Em seguida, assumi a edição do Guia de
Poesia, do Projeto Sobresites – O diferencial humano, no Rio de Janeiro.
Logo após, dá-se a criação do zine Tataritaritatá – Vamos aprumar a conversa!,
que, ao longo dos anos, vai se transformando em siteblog, programa radiofônico,
show musical e folheto de cordel. Foi inicialmente apresentado na Rádio
Difusora de Alagoas e hoje faz parte do projeto MCLAM, desenvolvido em parceria
com Meimei Corrêa. No mote desse projeto, realizei a palestra Cidadania, Arte e Meio Ambiente em
diversas escolas e instituições públicas e privadas. Além disso, passei a
participar do Clube Caiubi de Compositores, tendo a grata satisfação de cometer
a parceria musical com Sonekka – Osmar Lazzarini, com a nossa música Itinerância, transformada em vídeo. Também
o saudoso cantor Auri Viola, grava a minha música Sanha.
Nesse meio termo participei da criação da
Cooperativa da Música de Alagoas (Comusa), desenvolvendo projetos de educação
musical, realizando o show Tataritaritatá
na Artnor/2010 e no Palco Aberto/2011, bem como recreações em diversas escolas
e associações de classes.
Por outro lado, tenho a grata satisfação
de ter as minhas músicas Desejo e Aurora, gravadas na voz da cantora Sonia
Mello, possibilitando a contemplação de um prêmio no Japão.
Ocorre, então, a criação do projeto Brincarte do Nitolino, com a publicação
do livro e lançamento da peça teatral infantil Nitolino no Reino Encantado de Todas Coisas, realizando, ao longo
dos últimos anos, temporadas em teatro, escolas, caravanas, bienais e feiras. Por
causa desse projeto, passou a ser desenvolvida a palestra Brincar para Aprender, inicialmente apresentada na IV Bienal
Internacional do Livro de Alagoas, e, posteriormente, em escolas e instituições
públicas e privadas. O projeto também passou a ser desenvolvido por meio do
programa radiofônico homônimo, apresentado pela garota Ísis Corrêa Naves e
produzido por Meimei Corrêa no projeto MCLAM.
E é exatamente por causa do projeto
MCLAM, desenvolvido pela parceira de todas as horas e incansável guerreira Meimei
Corrêa que me presenteou em dose dupla, primeiro com a comemoração dos 30 anos
e, agora, com as comemorações dos 32, que quero manifestar aqui a minha eterna e
reiterada gratidão à querida Meimei – obrigado por sempre estar presente e
promovendo um momento maravilhoso na minha vida – como também a todos: a Ricardo
Machado, essa voz maravilhosa que deu vida a duas canções minhas; ao amigo
Wilson Monteiro que gravou dois dos meus xotes, Cantador e Desnorteio; ao
poeta Fernando Fiorese que me concedeu a oportunidade de musicar seu poema Porque cantar já não muda em manhã; ao
poeta, amigo e parceiro conterrâneo, Juareiz Correya, pela oportunidade de
desfrutar de sua amizade e permitir que eu musicasse seu poema Ponte sobre águas turvas; ao poeta e
escultor Eduardo de Paula Barreto, editora e roteirista Michelle Ramos, cantora
e atriz Jussanan, cantora Mônica Brandão, radialista e cantora Ju Mota, o
cantor/compositor e amigo conterrâneo Zé Ripe, à duplamiga Jan Claudio &
Eduardo Proffa, aos amigos & amigas Enéas Ferreira, Eilson Freire – o Bigode,
Deize Messias, Jaime Palmeira Celestino, Andréa Borges, Débora Campos, aos
queridos Verney Filho e Ísis Corrêa Naves, obrigado a todos vocês!
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