quarta-feira, dezembro 31, 2014

32 ANOS DE ARTE CIDADÃ



Luiz Alberto Machado


Tudo começou, na verdade, há algum tempo, por volta dos anos de 1976/77, quando me transferi pro Colégio Diocesano dos Palmares, e lá conheci os professores João da Silva, Erivan Félix e Inalda Cavalcanti, entre outros. A convivência, a amizade e o incentivo dedicado desses professores proporcionaram que eu, recém-chegado no educandário, escrevesse, dirigisse e apresentasse o meu primeiro texto teatral, O Prêmio, intitulado à época Em busca de um lugar ao sol sob a especulação imobiliária – um título horroroso que me fez enxugá-lo e modificá-lo posteriormente. Foi a partir disso que me engajei empunhando a bandeira da cidadania, da educação e do meio ambiente.

Nesse colégio, além do convívio direto com colegas que se tornaram parceiros de arte, pude privar da generosidade de professores como José Duran y Duran e Pedro Victorio Paiva, que me direcionaram mais para a poesia e a música. Acrescente-se a isso a inestimável contribuição da professora e bibliotecária Jessiva Sabino de Oliveira, a quem só tenho que manifestar minha mais irrestrita gratidão.

Por causa disso, aos sábados, comandadas pelo Duran, aconteciam as Noites da Cultura Palmarense, nas quais pude ter ampliado os laços de amizade com praticantes das mais diversas vertentes artísticas, culminando com o lançamento da publicação Nova Caiana. Foi nos eventos dessas noites que pude mostrar minhas músicas, minhas poesias e o meu teatro.

Aos domingos eu me reunia em almoços para lá de esclarecedores com o professor João da Silva, que ministrava as disciplinas de Biologia, Bioquímica e Técnicas de Laboratório, nas salas de aula da instituição educacional, incutindo em mim ideias para o desenvolvimento de uma política ambiental. Essa amizade foi estreitada mais ainda quando nos reunimos com Mauricinho Melo Junior para realizarmos a IV Feira de Música e lavada com êxito na quadra do colégio.

Como consequência dessas realizações nasceram as parcerias musicais, inicialmente com Fernandinho Melo Filho – com quem tive a honra de letrar uma penca de músicas -, e, depois, com o então artista plástico Ângelo Meyer. Dessas parcerias surgiram as apresentações de saraus/melodramas, com Luiz Gulú de França (violão), Ozi dos Palmares (violão/viola/baixo), Zé Ripe (Voz/percussão), Célio Carneirinho (violão/percussão), Ângelo (voz/textos) e Mauricinho (voz/textos). Em seguida, a trupe se reuniu com artistas plásticos e desenhistas, arregimentados pelo pintor Javanci Bispo e pela poeta Sandra Lustosa, com a exposição de poemas ilustrados nas mais diversas escolas palmarenses. É no meio disso que surge a minha parceria com Gulu e Fernandinho para a música Abusão. E, também, é nessa época que componho a música Aurora e o poema Minha Voz, ocasião da minha transferência para o Colégio Nossa Senhora de Lourdes, local onde apresentei um show poético-musical que reuniu os amigos Sérgio David (piano), Virgínio (contra-baixo) e Wilson Monteiro (bateria).

Fui, então, fazer o curso de Letras na Famasul, e fui convidado pelo bispo Dom Acácio Rodrigues Alves e José Duran y Duran, a criar um coral no Colégio Diocesano, resultando numa apresentação que contou com a participação do cantor Marquinhos Cabral. Em seguida, passei a ministrar aulas no Cepred, no Colégio Nossa Senhora de Lourdes e em diversos colégios de Palmares, Joaquim Nabuco e Novo Lino. Foi por esse tempo que publiquei o meu primeiro livro de poesias Para viver o personagem do homem, sob coordenação editorial da Nordestal Editora.

Parti, então, para o Recife e enquanto lançava o meu livro de poesias A intromissão do verbo, pelas Edições Pirata, cantava na noite as minhas produções musicais e poéticas no bar Roda Viva, em Campo Grande, ao lado dos amigos Fernandinho Melo (violão/viola/guitarra), Caca (contra-baixo) e Sérgio Campelo (bateria/percussão/cordas), acrescidas depois das participações nessa trupe de Freire (Flauta) e Samuel (percussão). Foi onde fiz cursos de teatro promovidos pela Feteape/Sesc/UFPE e de música no Conservatório Pernambucano de Música. Também tive a grata satisfação de ver encenado o texto teatral A viagem noturna do Sol, pela TTTrês Produções Artísticas, sob a direção de José Manuel, na Casa da Cultura do Recife.

Vão-se os anos e sou premiado com a parceria de Gilberto Mélo, para criação da revista A Região, ao lado de Arnaldo Afonso Ferreira, Paulo Profeta, Elita Afonso Ferreira e Inez Koury, oportunizando a realização de diversas atividades.

A primeira delas, o convite para participar da Coordenadoria de Estudos e Pesquisas da recém-criada Fundação Casa da Cultura Hermilo Borba Filho, na gestão de Juhareiz Correya, na qual realizei a palestra A atividade artística para o desenvolvimento do Município, reapresentada em escolas e instituições locais e de cidades vizinhas. E ao integrar o conselho editorial da revista A Região, passei a escrever artigos sobre o tema da palestra com objetivo de levar a ideia aos gestores públicos da região Mata Sul de Pernambuco.

A segunda, foi aceitar o desafio e o convite do então presidente da União Brasileira de Escritores (UBE-PE), o escritor Paulo Cavalcante, para adaptar, dirigir, musicar e encenar a peça teatral João sem Terra, de Hermilo Borba Filho, com o Grupo Terra, de Palmares. Nessa realização, ministrei cursos de preparação de ator para os jovens participantes, culminando com a encenação da peça no Teatro Cinema Apolo, numa promoção da Revista A Região e da Fundação de Hermilo. Com esse grupo pude desenvolver diversos cursos de Teatro Popular, tendo, por consequência, a realização pública nas ruas da cidade, da apresentação Quilombo, que resultou na exibição do filme Quilombo, de Cacá Diegues. E, depois disso, realizamos a apresentação do espetáculo Contrastes Natalinos, reunindo diversos grupos teatrais de Palmares, resultando, disso, na criação da Associação Teatral Palmarense (Atep) e na minha participação como diretor regional na Federação de Teatro Amador de Pernambuco (Feteape).

A terceira, a realização do meu show autoral e poético-musical Por um novo dia, tanto solo como com os músicos Vavá de Aprígio (guitarra), Davi Ideais (contra-baixo), Mano (teclados) e Davi Catende (bateria).

Para maior embasamento na minha proposta de Cidadania, Educação e Meio Ambiente, vou estudar no curso de Direito, enquanto desenvolvo o projeto Circo Itinerante, com encenações teatrais, shows musicais, exposição de pintura, esquetes, brincadeiras, lançamentos e exposição de livros e apresentações das mais diversas vertentes culturais e artísticas.

Vem, então, a apresentação do programa Horagá, ao lado de Gilberto Melo, na Rádio Cultura dos Palmares, e criação das Edições Bagaço, reunindo todo pessoal da Revista A Região. Com a criação da editora, pude então adaptar para o teatro infantil e realizar apresentações dos livros de Elita Afonso Ferreira, publicando por esse selo editorial dois dos meus livros de poesias Raízes & Frutos e, também, Canção de Terra. Nessa época desenvolvo o projeto de quadrinhos Aventureiros do Una, com o artista plástico e ator, Rolandry Silvério.

É quando assumo o Departamento de Jornalismo da Rádio Quilombo dos Palmares, na qual passo a redigir os noticiários e os dois jornais da emissora, apresentando, aos domingos, o meu programa poético-musical Panorama, com entrevistas e inventário da música brasileira. É nesse momento que o saudoso cantor e músico, Félix Porfírio, grava a nossa parceria Perdi a noção de ser feliz, no seu disco Gonzagão, meu professor.

Nesse período assumo a presidência do Conselho da Fundação Casa da Cultura Hermilo Borba Filho, na gestão de Edvaldo Monteiro, ocasião em que se dá a criação da Comissão de Defesa do Meio Ambiente, ao lado do professor João da Silva. Com isso, passamos a participar dos debates da ECO-92 em reuniões na Sudene, em Recife, e intercâmbio com instituições ambientalistas do Brasil e do Exterior, resultando da realização de shows poético-musicais, composição de trilha sonora e de documentários acerca da questão ambiental na Mata Sul de Pernambuco.

Ao mesmo tempo, assumo a direção regional do Sindicato dos Radialistas de Pernambuco, na gestão Roberto Calou, bem como da Assessoria de Imprensa da Associação Comercial dos Palmares, gestão Wamberto Santos, e da Câmara de Diretores Lojistas, nas gestões de Ebenezer Frias e Ivaldo Sá Barreto.

Nesse ínterim, ocorre o lançamento da minha antologia poética Primeira Reunião e do meu primeiro livro infantil O Reino Encantado de Todas as Coisas, ambos pelas Edições Bagaço. É quando ocorre o fato de que o meu parceiro de muitas músicas, Santanna, o Cantador, grava em seu disco a nossa parceria Nunca chore por mim. O parceiramigo Mazinho grava nossa parceria Entrega, que foi também gravada pela dupla Cikó & Linaldo; e o Cikó gravou a nossa parceria, o frevo Santa Folia.

Com o lançamento do meu livro infantil Falange, Falanginha, Falangeta, passo a realizar recreações pedagógicas, possibilitando a adoção do meu livro em diversas escolas de Alagoas e Pernambuco. Por conta disso, passo a editar o zine e, depois, tabloide da publicação literária e cultural Nascente que promove o Prêmio Nascente de Arte Infanto-Juvenil, trazendo por resultado a publicação das antologias Brincarte com trabalhos da garotada, ocasião que crio o selo Edições Nascente e publico os livros infantis O lobisomem zonzo e O cravo e a rosa.

Como resultado das apresentações em escolas das redes pública e privada, em parceria com o empresário Marcos Palmeira, é lançado o meu livro infantil Alvoradinha: calango verde do mato bom. Dessa parceria, surgiram os projetos Folia Caeté, que proporcionou a gravação dos meus frevos, e o CDL Criança, levado pela CDL de São Miguel dos Campos, então presidido pelo empresário.

Em seguida, assumi a edição do Guia de Poesia, do Projeto Sobresites – O diferencial humano, no Rio de Janeiro.

Logo após, dá-se a criação do zine Tataritaritatá – Vamos aprumar a conversa!, que, ao longo dos anos, vai se transformando em siteblog, programa radiofônico, show musical e folheto de cordel. Foi inicialmente apresentado na Rádio Difusora de Alagoas e hoje faz parte do projeto MCLAM, desenvolvido em parceria com Meimei Corrêa. No mote desse projeto, realizei a palestra Cidadania, Arte e Meio Ambiente em diversas escolas e instituições públicas e privadas. Além disso, passei a participar do Clube Caiubi de Compositores, tendo a grata satisfação de cometer a parceria musical com Sonekka – Osmar Lazzarini, com a nossa música Itinerância, transformada em vídeo. Também o saudoso cantor Auri Viola, grava a minha música Sanha.

Nesse meio termo participei da criação da Cooperativa da Música de Alagoas (Comusa), desenvolvendo projetos de educação musical, realizando o show Tataritaritatá na Artnor/2010 e no Palco Aberto/2011, bem como recreações em diversas escolas e associações de classes.

Por outro lado, tenho a grata satisfação de ter as minhas músicas Desejo e Aurora, gravadas na voz da cantora Sonia Mello, possibilitando a contemplação de um prêmio no Japão.

Ocorre, então, a criação do projeto Brincarte do Nitolino, com a publicação do livro e lançamento da peça teatral infantil Nitolino no Reino Encantado de Todas Coisas, realizando, ao longo dos últimos anos, temporadas em teatro, escolas, caravanas, bienais e feiras. Por causa desse projeto, passou a ser desenvolvida a palestra Brincar para Aprender, inicialmente apresentada na IV Bienal Internacional do Livro de Alagoas, e, posteriormente, em escolas e instituições públicas e privadas. O projeto também passou a ser desenvolvido por meio do programa radiofônico homônimo, apresentado pela garota Ísis Corrêa Naves e produzido por Meimei Corrêa no projeto MCLAM.

E é exatamente por causa do projeto MCLAM, desenvolvido pela parceira de todas as horas e incansável guerreira Meimei Corrêa que me presenteou em dose dupla, primeiro com a comemoração dos 30 anos e, agora, com as comemorações dos 32, que quero manifestar aqui a minha eterna e reiterada gratidão à querida Meimei – obrigado por sempre estar presente e promovendo um momento maravilhoso na minha vida – como também a todos: a Ricardo Machado, essa voz maravilhosa que deu vida a duas canções minhas; ao amigo Wilson Monteiro que gravou dois dos meus xotes, Cantador e Desnorteio; ao poeta Fernando Fiorese que me concedeu a oportunidade de musicar seu poema Porque cantar já não muda em manhã; ao poeta, amigo e parceiro conterrâneo, Juareiz Correya, pela oportunidade de desfrutar de sua amizade e permitir que eu musicasse seu poema Ponte sobre águas turvas; ao poeta e escultor Eduardo de Paula Barreto, editora e roteirista Michelle Ramos, cantora e atriz Jussanan, cantora Mônica Brandão, radialista e cantora Ju Mota, o cantor/compositor e amigo conterrâneo Zé Ripe, à duplamiga Jan Claudio & Eduardo Proffa, aos amigos & amigas Enéas Ferreira, Eilson Freire – o Bigode, Deize Messias, Jaime Palmeira Celestino, Andréa Borges, Débora Campos, aos queridos Verney Filho e Ísis Corrêa Naves, obrigado a todos vocês!

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