segunda-feira, fevereiro 24, 2020

A POESIA DE SILVIO ROMERO BARBOSA LEITE



MÃE...

És a primeira professora
és a medica da família
a primeira companhia
pra sempre, por toda vida
só sei que infelizmente
aprendi, não és pra sempre
e sendo a pior das dores
te perder eternamente
te mantenho em minha vida
guardada em meu coração
pra sempre seras lembrada
por teu amor, teu perdão
de Deus, ganhastes a coroa
da tua imortalidade
e dentro de cada filho, Mãe,
és imortal de verdade....

ONDE SE ENCONTRAR...

O lugar mais fácil
de você se encontra
é dentro do meu coração!

SÓ...

Se não podes me amar
Que não me desejes nada
Já me deixou só na estrada
E assim eu seguirei
Te peço a última vez
E atendas meu o meu pedido
O que fizeste comigo
Não faça mais com ninguém
Só teu amor me bastava
Poderia faltar-me tudo
O sol, a noite a água
Mas você me completava
Mesmo sendo de outro alguém.

NÓS...

Minha vida se parece com a sua
Ela é feita de verdade nua e crua
Sentimentos que chegam a queimar no peito
De mentiras, qualidades e defeitos
Incertezas degladeiam-se com a fé
Maldade aglutina-se ao dia a dia
E mesmo assim continuamos de pé
Acordar se tornou agradecer
Pelo Sol, chuva, entardecer
Saúde, força, coragem, determinação, anoitecer
Cada um desses fatores
Cada uma dassas dádivas
Cada uma dessas dores
Vem a cada amanhecer
E é por essas e outras que sou igualzinho a você!

O SEU CANTIN

Olha pra mim e me diz
que sou o seu beija-flor
e que te faço feliz
assim do jeitin que eu sou
mei menino, encrenqueiro
bom de copo, mei fuleiro
mas tudo isso é normal
eu sou um bom brasileiro!
mas o amor que te tenho
faz-me entrar em desespero
se você não está por perto
se eu não sentir o teu cheiro
pra mim só é o bastante
você dizer, vou ali
se vai na casa dos pais
ou vai pra pertin da qui
ou sai pra qualquer lugar
me dar logo um farnezin
pois nesse mundo todim
descobri que o seu cantin
é bem aqui perto de mim...

PORTA ABERTA

Quando você me quiser
Deixe a porta aberta
Que numa madrugada destas
Eu entrarei em silêncio
Como nos bons velhos tempos
Sei que ainda se lembra
De nossas noites mais quentes
Suor escorrendo na pele
Gemidos em baixo volume
Sussurros eram o bastante
Para expressar sentimentos
Os anjos dormindo do lado
Cuidado pra não acorda-los
Rotina nos trouxe o fracasso
Ralação que estagnou
Lembranças e o que nos resta
Do que era o nosso amor..

MEU PRESENTE!

Fostes tudo em minha vida!
Passos firmes na estrada
As pedras em meu caminho
O meu tudo o meu nada
O amor a dor
Foste a flor os espinhos
O calor e o frio
O sol a chuva
O verão o inverno
O jardim o deserto
O meu céu meu inferno
Alegria e tristeza
Durante muito tempo
Foste o meu universo
e hoje só me restão momentos
Que guardarei para sempre
Em uma ilha distante
No mar do esquecimento.

O BAÚ DA MINHA VIDA

No baú da minha vida
eu saí guardando coisas
coisas velhas, sem sentido
coisas novas ou só coisas
coisas que me lembram amor
coisas que você deixou,
um antigo canivete
velhos botões coloridos
fotos velhas em preto e branco
papeis de pão manuscritos
e a memoria já me falha
lembra do sangue, do grito
das juras feitas, da dor
e de um coração aflito
no baú da minha vida
eu saí guardando coisas
e levarei quase todas
até o final da vida
mas você sera a única
que eu levarei comigo
daqui para o outro lado
minha melhor alegria
as nossas noites
os nossos dias
eu guardarei para sempre
no baú da minha vida

PRESENTE DE GREGO

Se eu pudesse voltar para o passado
Com as experiências do presente
Mudaria minha vida por completo
Meu futuro seria diferente
Não teria assim me apaixonado
Por alguém totalmente inconsequente
Ingerido algo assim tão indigesto
Que mudou minha vida por completo
Transformando num inferno meu presente...

FÉ DE MAIS TAMBÉM ATRAPALHA?

Maria Rosa morena
Morava no mei do mato
De baixo sim oitizeiro
E mesmo sem ter dinheiro
Vivendo um vida simples
Maria Rosa sonhava
Em ir para o Juazeiro
O pai de Maria Rosa
Era enfermo e acamado
Nem falava nem andava
Até pras necessidades
A Rosa era que limpava
E já sofrera um bocado
Por causa de uma queda
Que levara de um cavalo
Dizia um rezador
Que tinha perto dali
Que padrin Ciço Romão
Podia lhe acudir
Lhe restaurando a saúde
Maria Rosa era pobre
Mas lhe sobrava atitude
E Rosa juntou à fome
Com a vontade de comer
Foi na beira do riacho
Encheu a cabaça d'água
Botou o seu pai nos braços
O deitou numa carroça
Só pensando nas palavras do velhinho rezador
E em seu pai ter saúde
E partiu pra o Juazeiro
Num queria nem saber
Um cavalo a carroça
Um saco com umas mudas
Farinha e rapadura
E com água uma cabaça
Era tudo que levava
A moça cheia de fé
Ela e o pobre pai
Viajaram muitas léguas
E quanto mais ela andava
Mais estrada aparecia
Sol a Sol e noite a dentro
Parava por um momento
Um cochilo um gole d'água
Um taco de rapadura
Um punhado de farinha
E voltava pra estrada
Foram quarenta e cinco dias
Sofridos de caminhada
Muito mal eles comiam
Parecia um pesadelo
Mais sua fé foi mais forte
Ajoelhou e chorou
Quando avistou Juzeiro
Chegando lá no lugar
Procurou se informar
Como fazia pra falar
Com Padrin Ciço Romão
E falou com as beatas
Falou com o sacristão
Aí lhe mostraram a fila
Que tinha pra ele benzer
E olhando assim por alto
Contou pra mais de cem braças
De gente pra ele atender
Mais sem muita serimonha
Pensou assim desse jeito
Se a fé remove montanha
Nós fica qui nessa fila
O meu pai vai ficar bom
Tudo vai se resolver
E se passou mais dois dias
Andando naquela fila
E quando chegou a hora
Do seu pai ser atendido
De pelo padrim ser benzido
Que levaram o velho homem até os pé do vigário
Já fazia uns cinco dias
Que o velho tinha morrido.
A fé de Maria Rosa
Fez a mesma se esquecer
De alimentar seu pai
E até dar-lhe de beber
Ela só se lembrou a cura
A fé de Maria Rosa
Se tranfomeu em tortura
Sem comer e sem beber
O seu pai não suportou
Aquela viagem longa
O pobre velho matou...
Rosa pensando na cura
A fé na sua cultura
Nas palavras do rezador
E ao colocar seu pai
Bem aos pés do vigário
Teve o corpo encomendado por padrin Ciço Romão
O velho foi enterrado
Com horas de coronel
E se ele foi pro céu
Eu nem sei nem me interessa
Pois aqui a pisada é essa
Se não escreveu comeu
E se o veio não comeu
Foi por que não escreveu
Pois que escreveu fui eu
No que eu escrevi aqui
A há verdade alfuam
Isso é só mais um conto
Do poeta revoltado
Que por enquanto está só
E nem tô preocupado
Pois é bem melhor Ta só
Só que mal acompanhado
Eu tô certo ou tô errado?

ASCENSO EM PRANTOS...

Dia oito de dezembro
Eu era ainda um garoto
Mas eu ainda me lembro
Do dia da padroeira
Os pais tinham uma besteira
Que só quem passou da prova
Quando essa data chegava
Todo mundo ia pras lojas pra comprar a roupa nova
E nas lojas não tinha espaço
Camisa de manga comprida
A calça boca de sino
Sapatos cavalo de aço
As cinco era a prossição
Era gente de joelhos
Tinha quem fosse descalço
Mas sempre com terço na mão
E quem ia, ia com pressa pra pagar suas promessas
A Senhora da Conceição
As sete era Santa missa
Com as bênçãos do vigário
O sacrifício do povo
E as orações das freiras
Pra comemorar assim
O dia da padroeira
Ao lado da Catedral
O parque de diversão
O pastoril de Rabeca
De cor vermelha e azul
O show dos bacamarteiros
E o pifano sempre ligeiro
No parque de diversão
Barraca e carro de som
Pra animar aquela festa
Ali se pediam músicas
Para um apaixonado coração
Nada saia do tom
O carrocel, os barcos
As patinhas, os carros
E logo mais adiante
A imensa roda gigante
As barracas de bebidas
Com delicias de tira-gosto
Entre eles ovos cozidos e coloridos , torresmo e piabas crocantes
Tinha maçã do amor
Tinha o rolete de cana
A orquestra treze de maio
Do saudoso Zé da Justa
Sempre com belas músicas
Que saudade do meu tempo!
Tempo que minha Palmares
Vivia para a cultura
Que hoje infelizmente aqui jás
Se foi a princesa do Una
A capital do açúcar
Se foi também o Senai
Já foi terra dos poetas
Hoje em dia nada é mais!
Aqui onde tudo era
Ascenso em campa
Chora em prantos
O destino infeliz que deram a sua terra...

O BAÚ DA MINHA VIDA

No baú da minha vida
eu saí guardando coisas
coisas velhas, sem sentido
coisas novas ou só coisas
coisas que me lembram amor
coisas que você deixou,
um antigo canivete
velhos botões coloridos
fotos velhas em preto e branco
papeis de pão manuscritos
e a memoria já me falha
lembra do sangue, do grito
das juras feitas, da dor
e de um coração aflito
no baú da minha vida
eu saí guardando coisas
e levarei quase todas
até o final da vida
mas você sera a única
que eu levarei comigo
daqui para o outro lado
minha melhor alegria
as nossas noites
os nossos dias
eu guardarei para sempre
no baú da minha vida

SILVIO ROMERO BARBOSA LEITE – Reunião dos poemas do poeta Silvio Romero Barbosa Leite que edita o blog Sentimentos de Matuto.