domingo, novembro 12, 2017

POEMAS DE ADRIANO SALES


VERDEJANTE PAISAGEM
Enchidos meus olhos
Das belas paisagens
Que da janela
Rapidamente corriam
Como uma película de cinema
Maravilhado ficava
De saber que ali me pertencia
Enquanto os últimos raios de sol
Encostavam sutilmente no cume dos morros
Não notava que o destino estava próximo
E como um filme
A viagem sempre acabava
Na parte da despedida

REFERÊNCIA PARA A ZONA DA MATA SUL DE PERNAMBUCO


Depois que decidi viver mais intensamente longe da capital do estado, optei pela Zona da Mata Sul, local onde finquei minhas raízes pelos meus ancestrais mais próximos. Andanças se fizeram cada vez mais freqüentes pelas cidades da região. Nos finais de tarde nas janelas dos ônibus eu via matas verdes e a luz laranja que o sol insistia em presentear por alguns minutos.

A IMITAÇÃO

Artes de imitação:
Sangria de ideias
Pateticamente considerada relativa
Poesia trágica...
Comédia...
Ditirâmbica...
Aulética...
Citaristica...
Vai lá saber,
De onde veio isso
Entender o impossível
É entender o possível.

TEUS LÁBIOS

Teus lábios
Tua boca curiosa
Em busca da minha
Beijam fala
Deixa e cala
Infame desejo
Prossegue o cortejo
Por meio corpo
Libera ardente calor
Um estertor sussurro
Convida-te a parar
Meu corpo relaxa
E teus lábios me deixam
Sempre a desejar.

O CATADOR DE FEIJÃO

Passou um caroço
Passou um pensamento,
Separou um ruim,
Limpou o punhado,
Viajou na catada
Ali ele não estava
Mas suas mãos,
Continuavam a catar
E o lixo separar
Feijão por feijão,
A cuia enchia
Pra ele cozinhar
É arreio,
É ração,
E à panela vai o feijão
Catado pelo catador
E os bons separou
Dos ruins com amor.


Poemas extraídos do livro Eu-poesias em vias (Rascunho, 2015).

NELA HÁ CORES

Tomara que caia
Essa goiaba
Esse caju,
Tomara que caia
As folhagens
O lindo amarelo
Ou o vermelho belo
Tomara que fique
Na próxima estação
Mais linda,
Como nas outras,
Onde incluíra
Ao seu arsenal de beleza
Uma pulseira
Um batom...
Tomara que na próxima estação
Ela caia na minha graça.

MÍSTICA

Clausura no álcool
Na censura do vácuo
Teu coração misturou
A vitamina sugada
De teu útero
Sujeito ao que
Sempre se desejou
De tua eterna presa
Vida vida vida.

DEITADA

Dormiu Maria
Deitou nos braços
De seu Morpheu
Que lhe amou
No ventre
De sua Eros
Adormeceu.

ACORDEI

O danado do sol
Novamente me acordou
Levantei ainda
Com a mazela da madrugada
E o gosto do vinho
Que eu havia tomado antes
Acordei sem dormir
No espelho algo embaçado
Sem foco
Longe do corpo.


Poemas extraídos do livro O regozijo e a veemência (Rascunhos, 2016).

ADRIANO SALES – O poeta Adriano Sales possui formação em Logística, Gastronomia, Informática e Psicanálise, atuando como analista de sistema e consultor. É membro da Academia Escadense de Letras (AELE) e da Academia Palmarense de Letras (APLE).

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