VERDEJANTE PAISAGEM
Enchidos meus olhos
Das belas paisagens
Que da janela
Rapidamente corriam
Como uma película de cinema
Maravilhado ficava
De saber que ali me pertencia
Enquanto os últimos raios de sol
Encostavam sutilmente no cume dos morros
Não notava que o destino estava próximo
E como um filme
A viagem sempre acabava
Na parte da despedida
REFERÊNCIA PARA A ZONA DA MATA SUL DE PERNAMBUCO
Depois que decidi viver mais intensamente longe da capital do estado,
optei pela Zona da Mata Sul, local onde finquei minhas raízes pelos meus
ancestrais mais próximos. Andanças se fizeram cada vez mais freqüentes pelas
cidades da região. Nos finais de tarde nas janelas dos ônibus eu via matas verdes
e a luz laranja que o sol insistia em presentear por alguns minutos.
A IMITAÇÃO
Artes de
imitação:
Sangria de
ideias
Pateticamente
considerada relativa
Poesia trágica...
Comédia...
Ditirâmbica...
Aulética...
Citaristica...
Vai lá
saber,
De onde
veio isso
Entender
o impossível
É entender
o possível.
TEUS LÁBIOS
Teus lábios
Tua boca
curiosa
Em busca
da minha
Beijam fala
Deixa e
cala
Infame desejo
Prossegue
o cortejo
Por meio
corpo
Libera ardente
calor
Um
estertor sussurro
Convida-te
a parar
Meu corpo
relaxa
E teus
lábios me deixam
Sempre a
desejar.
O CATADOR DE FEIJÃO
Passou um
caroço
Passou um
pensamento,
Separou um
ruim,
Limpou o
punhado,
Viajou na
catada
Ali ele
não estava
Mas suas
mãos,
Continuavam
a catar
E o lixo
separar
Feijão por
feijão,
A cuia
enchia
Pra ele
cozinhar
É arreio,
É ração,
E à
panela vai o feijão
Catado pelo
catador
E os
bons separou
Dos ruins
com amor.
Poemas extraídos
do livro Eu-poesias em vias
(Rascunho, 2015).
NELA HÁ CORES
Tomara que
caia
Essa goiaba
Esse caju,
Tomara que
caia
As folhagens
O lindo
amarelo
Ou o
vermelho belo
Tomara que
fique
Na próxima
estação
Mais linda,
Como nas
outras,
Onde incluíra
Ao seu
arsenal de beleza
Uma pulseira
Um batom...
Tomara que
na próxima estação
Ela caia
na minha graça.
MÍSTICA
Clausura
no álcool
Na censura
do vácuo
Teu coração
misturou
A vitamina
sugada
De teu útero
Sujeito ao
que
Sempre se
desejou
De tua
eterna presa
Vida vida
vida.
DEITADA
Dormiu Maria
Deitou nos
braços
De seu
Morpheu
Que lhe
amou
No ventre
De sua
Eros
Adormeceu.
ACORDEI
O danado
do sol
Novamente
me acordou
Levantei
ainda
Com a
mazela da madrugada
E o
gosto do vinho
Que eu
havia tomado antes
Acordei sem
dormir
No espelho
algo embaçado
Sem foco
Longe do
corpo.
Poemas extraídos
do livro O regozijo e a veemência (Rascunhos,
2016).
ADRIANO SALES – O poeta
Adriano Sales possui formação em Logística, Gastronomia, Informática e
Psicanálise, atuando como analista de sistema e consultor. É membro da Academia
Escadense de Letras (AELE) e da Academia Palmarense de Letras (APLE).