UM MODELO
Fundada em
1930, pelo nosso amigo Odylo Ferreira, a Livraria Escolas foi um dos marcos
vibrantes da cultura palmarense, pela sua importância e operosidade do seu fundador.
Tanto é que, em suas paredes, acima das estantes – a título de curiosidade,
havia estampados pensamentos seletos dos mais fundamentais e filosóficos da
cultura nacional e, um deles vem-me à recordação – “Livros a mancheias”.
Aquela operosa
Livraria, não somente se incumbia da venda de livros, mas, por intermédio do
esteta Odylo, ela se firmou por muitos anos como ponto de encontro de poetas,
pintores, contistas, teatrólogos, artistas, juristas e tantas outras figuras
importantes da cultura palmarense e de outros rincões da nossa Pátria. Lá estavam
presentes, aos encontros homens notáveis como Ascenso Ferreira, Fenelon
Barreto, Jayme Griz, Jayme Montenegro, João Costa, Raimundo Alves e tantos
outros.
Ainda com a
presença desses grandes valores, a Livraria foi mais longe: fundou a Academia
Palmarense de Letras e, naturalmente, lá estava a figura imponente do esteta
Odylo, firme e atuante, colaborador incasável das letras palmarenses.
Transferindo-se,
em 1965, da avenida Frei Caneca, esquina com a Vigário Bastos, para um prédio
menor da mesma rua, preserva a mesma atuação fecunda, servindo a quem
pretendesse projetar-se nas letras florescentes, surgindo novos valores poetas
como Juarez Correia, Eniel Sabino de Oliveira, Elizeu Pereira de Melo, José
Ramos e o pintor-poeta Teles Junior, entre outros.
A cidade
orgulhosa de sua Livraria Escolar agradece a Odylo Ferreira que soube manter-se
nos ideais de servir à cultura e à gente da querida Palmares.
(Publicada
originalmente no Jornal do Commercio, em 31/07/1977).
EVOCAÇÃO A PALMARES
Palmares ergue-se
triunfante
Ante seu
passado glorioso.
Em seu futuro
de grandeza
Geme um poema
infante,
Exaltando os
feitos de seus filhos!
Ó filhos da
terra dos poetas, dos amores
Vide ver a
cidade poesia,
Onde, em seu
berço,
Encantam seus
poetas e escritores.
Cantemos com
fervor um hino à terra dos esplendores!
Palmares de
Ascenso Ferreira,
Palmares de
Hermilo Borba Filho,
Palmares de
Jayme e Artur Griz,
Palmares de
Fenelon Barreto,
Palmares de
Antonio Veloso,
Palmares de
Lelé Correia,
Palmares de
Odylo Ferreira,
Palmares de
Letácio Montenegro,
Palmares de
Milton Souto,
Palmares de
João Costa,
Palmares de
Raimundo Alves,
E de tantos
outros...
Palmares do
Clube Literário,
Palmares do
Teatro Aplo...
Onde estariam
os saudosos filhos ilustres dos Palmares,
Que ainda ouço
eco de um passado distante?
Palmares da
cana caiana, cana fita,
Palmares de
minha infância:
Rua Nova, Rua
da Notícia, Rua da Soledade...
O Alto do
Inglês, a estação do trem
Escutemos a
canção de um novo tempo!
Ó filhos da
terra dos poetas
Amai, amai
esta terra fecunda e feliz,
Cujo passado
foi grito de liberdade!
Palmares, teu
nome é uma eterna canção.
Estribilho eterno
em solo pernambucano!
FANTASIA
Quero te ver
Recife
Fantasia de
sonhos.
Teus sobrados
e pontes
Pincelados dos
mais belos matizes;
Tua mocidade
Revestida de
flores,
Risos e
felicidade.
Teus poetas e
escritores
Recitando poemas
de amor!
Quero te ver
Recife
Fantasiada de
sonhos!...
O CANTO DAS CIGARRAS
Por mais
unidas que sejais
Cantai sempre,
cantai sempre,
Benditas cigarras
condoreiras,
Que na
floresta virgem,
Cantam seu
choro saudoso,
Despedindo-se
da tarde que se vai!
Homeras cigarras!
Menestréis do
verão!
Explodindo em
cantos
Num ritmo
alucinante!
Que misterioso
encanto
A melodia
dessas cigarras:
Estridulando em
coro,
Tarde afora,
num choro saudoso.
O RIO
O rio corta o
vale,
Corta um
mundo.
Seu curso
sinuoso
Corta matas,
serras, campos.
Ora se
expande,
Ora se retrai
Por entre
pedras e montanhas...
Há quem o
admire,
Há quem o
odeie,
(em época de
cheia)
Castigando o
mundo todo,
Sem piedade.
Mas ele é
assim mesmo.
Bondoso: às
margens do seu leito,
Brotam vidas
Que fertilizam
a terra,
Como um ato de
indenização
A todos que
tudo perderam
O rio tudo
tira,
E tudo devolve
com acréscimo.
PRESENÇA
Menina flor de
aquarela,
Onipresente em
nossos corações,
No riso a
meiguice que aflora,
Nos olhos a
grandeza d’alma!
Sabe?
Ainda que você
não existisse
Cá, entre nós,
você estaria presente,
Amando sempre
No universo da
juventude!
FERNANDO
NASCIMENTO BARRETO – É palmarense, filho do poeta e teatrólogo Fenelon
Barreto e irmão do artista plástico e compositor musical Luiz Barreto. É
formado em Contabilidade e Letras, publicou seus trabalhos literários no jornal
A Notícia, Diocese de Palmares, Jornal do Commercio e Jornal Caroatá
(Gravatá-PE). É autor da peça teatral infantil A boneca assanhada. Veja mais
aqui.