30º
ENCONTRO DA APECV – Acontecerá entre os dias 29, 30 de junho e 1º de
julho de 2018, em Coimbra – Portugal, o 30º Encontro da Associação de
Professores de Expressão e Comunicação Visual (APECV), com o tema inCluiME/
InCluiTE/ InCluiMOS: Artes Visuais como Motor de Inclusão e de Participação na
Sociedade, com sub-temas como Inclusão, Escola, Comunidade, educação não
formal, artes visuais, educação artística ativista, entre outros. Na ocasião ocorrerá
o 3º Congresso Ibero Americano de Educação Artística. Informações detalhadas
aqui.
quinta-feira, março 29, 2018
quarta-feira, março 28, 2018
CONGRESSO ENTRE MARES – A LITERATURA, LEITURA DO MUNDO
CONGRESSO
ENTRE MARES: A LITERATURA, LEITURA DO MUNDO – Acontecerá em os dias 18 e 20
de setembro, na Universidade de Pernambuco (UPE), em Garanhuns – Pernambuco, o
Congresso Entre Mares: a Literatura, Leitura do mundo. O objetivo é congregar
estudiosos de várias universidades para debaterem as literaturas da atualidade,
impulsionando pesquisas e contemplando a trajetória da humanidade. O evento
consiste de conferencias e mesas-redondas para professores e pesquisadores,
grupos de trabalhos, comunicação individual, entre outros eventos, com eixos
temáticos que envolvem temas como a literatura brasileira, africana, indígena,
portuguesa e infanto-juvenil. Maiores informações aqui.
terça-feira, março 27, 2018
CLISERTÃO - CONGRESSO INTERNACIONAL DO LIVRO, LEITURA E LITERATURA DO SERTÃO
CONGRESSO
INTERNACIONAL DO LIVRO, LEITURA E LITERATURA DO SERTÃO - Acontecerá
entre os dias 7 a 11 de maio de 2018, em Petrolina – Pernambuco, a quarta
edição do Congresso Internacional do Livro, Leitura e Literatura do Sertão
(Clisertão), uma realização parceria da Universidade de Pernambuco, campus
Petrolina, com a Secretaria de Cultura do Estado de Pernambuco/Fundarpe. O tema
do evento para este ano é “Margens da/na Literatura, linguagem e leitura”,
prestando homenagens ao poeta Patativa do Assaré, à poeta Zita Alves e à
Professora fundadora do curso de Letras da UPE-Petrolina, Yeda Barros. Maiores
informações aqui.
segunda-feira, março 26, 2018
PALESTRA NEUROEDUCAÇÃO & PRÁTICAS PÉDAGÓGICAS NO ENSINO-APRENDIZAGEM
NEUROEDUCAÇÃO & PRÁTICAS PÉDAGÓGICAS NO ENSINO-APRENDIZAGEM – APRESENTAÇÃO - O
presente trabalho é resultado dos estudos do Grupo de Pesquisa Neurofilosofia & Neurociência Cognitiva,
concernente à pesquisa de campo realizada no projeto acadêmico sob a temática
da Neuroeducação:
relação
escola, professor e aluno na Educação Pública de Maceió (MACHADO, 2016;
MACHADO, 2016b; MACHADO, 2015), em 2015, envolvendo alunos e professores do
Ensino Médio, bem como gestores de duas escolas do Centro de Estudos e
Pesquisas Aplicadas (CEPA), a Escola Estadual Moreira e Silva, por meio da
gestora Ely Quintela Lisboa Carvalho, e a Escola Estadual Pricesa Izabel, com
as gestoras Sônia Suely Araújo Ferreira e Valquíria Balbino da Silva, em Maceió
– AL, destacando o papel da neuroeducação no processo de ensino-aprendizagem e
na qualidade de vida de docentes e discentes. Estes estudos tiveram por base as
atividades desenvolvidas pelo neurocientista Joe Z. Tsien (TSIEN, 2007), o
Programa de Enriquecimento Instrumental (Feuerstein's Instrumental Enrichment - FIE), do psicólogo Reuven Feuerstein (FEUERSTEIN, 1980),
possibilitando o desenvolvimento da Teoria da modificabilidade cognitiva
estrutural (MCE) e da Teoria da Experiência da Aprendizagem Mediada (MLE), bem
como pesquisas nas áreas da Neurociência Cognitiva e nas ideias de Freire
(1983), Alves (2008), Vygotsky (1991), Freire (1987), Vygotsky (1991b), Nicida
(2014), Mietto (2014), Moralles (2014), Carvalho (2014), Olivier (2013), entre
outros, no sentido de verificar as práticas pedagógicas adequadas ao processo
de ensino-aprendizagem à luz da Neuroeducação. Por essa razão, a presente
palestra procura enfatizar a promoção de técnicas e conhecimentos acerca dos
fundamentos e aplicações das Neurociências, especificamente da Neuroeducação,
para o melhor desempenho das práticas pedagógicas no processo de
ensino-aprendizagem. Aborda desde a constituição do Sistema Nervoso e o seu
desenvolvimento, as perspectivas holísticas da educação, a leitura do mundo e a
dialogicidade, as dificuldades de aprendizagens, as condutas comportamentais
adotadas na prática pedagógica articuladas com o princípio da afetividade,
criatividade e inovação para um efetivo processo de ensino-aprendizagem.
JUSTIFICTIVA - Justifica-se a realização do presente
trabalho, em primeiro lugar, em face de a educação ter assumido importante
papel nas pautas de discussões mundiais e, por isso, vários debates envolvem as
questões concernentes à relação entre a escola, os professores e os alunos, relativas
ao processo de ensino-aprendizagem. Tais questionamentos se evidenciam em virtude
das mudanças ocorridas durante a década de 1990, por força da edição da Lei
9.394/96, de 20 de dezembro de 1996, estabelecendo as Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDB), reafirmando que a educação abrange os processos
formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no
trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e
organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais, na promoção da
formação e preparação para vida, para o trabalho e para o exercício da
cidadania. Ao se abordar as questões atinentes à relação entre a escola, os
professores e os alunos, surge a necessidade de observar as questões atinentes
às praticas docentes referentes ao ensino-aprendizagem, por envolver currículo,
a interação com o aluno, os conteúdos e competências requeridas, a produção e
reprodução do conhecimento, a infraestrutura e os recursos utilizados, a
integração escola/comunidade, entre outros, possibilitando uma leitura crítica
do mundo, a dialogicidade e a interação entre docentes e discentes na prática
educativa. Justifica-se, em segundo lugar, pela necessidade de adoção por parte
da escola e dos professores de conhecimentos acerca da relevância do sistema
nervoso na vida do ser humano, especialmente pela adoção de conhecimentos nas
áreas de neurociências e, mais especialmente, da neuroeducação, possibilitando
a todos melhor perfomance de aprendizagem e, consequentemente, melhor qualidade
de vida. Tal justificativa se embasa no fato de que a neurociência está voltada
para a aprendizagem e de como o cérebro se torna aprendente e aprende,
entendendo-se a forma como as redes neurais desenvolvem suas atividades e de
que maneira se processa o trânsito dos estímulos que chegam para ação cerebral
de recepção, decodificação, consolidação e armazenamento das informações
recebidas e memorizadas. Assim sendo, faz-se conveniente expressar que a
neuroeducação ou neuroaprendizagem é a ciência que estuda a ação do cérebro
aplicada à educação e à aprendizagem, voltada, assim, para situações de
aprendizagem em ambiente clínico e educacional, para compreensão e domínio dos
processos mentais que atuam na relação ensino-aprendizagem, com o objetivo de
promover o desenvolvimento e crescimento humano. Por essa razão, esse campo
neurocientífico procura compreender as atividades cerebrais e as emoções no
processamento das informações para garantia da assimilação, apreensão,
manutenção da memória, recuperação e uso das informações. A motivação para
realização da palestra se encontra no fato de poder contribuir para melhoria
das práticas pedagógicas pelo embasamento da dialogicidade, afetividade,
transversalidade, inclusão, criatividade e inovação no processo de
ensino-aprendizagem. Por conta disso, está direcionada para professores da
Educação Básica, Educação Especial e Profissional.
OBJETIVOS: Geral: Destacar a importância da
Neuroeducação na prática pedagógia com relação ao processo de
ensino-aprendizagem. Específicos: Apresentar noções neurocientíficas que
embasam a Neuroeducação no fomento da aprendizagem escolar; as perspectivas
holísticas da educação contemporânea na formação e no exercício da cidadania,
articuladas com a neuroeducação, transversalidade, dialogicidade, leitura
crítica do mundo e princípio da afetividade; as práticas docentes investidas de
criatividade e inovação, embasadas por fundamentos neuroeducacionais na
condução do processo de ensino-aprendizagem. Em síntese, o objetivo da presente
palestra está direcionado para identificação do papel da neuroeducação na
educação e na melhoria da qualidade de vida e do processo de
ensino-aprendizagem.
MARCO TEÓRICO - 1.1 O Sistema Nervoso: O sistema nervoso, em
conformidade com Lent (2008), Machado e Haertel (2014), Conseza e Guerra
(2011), Krebs, Wienberg e Akesson (2013) e Muszkay, Mello e Rizzutti (2010), é
sumamente importante por ter a responsabilidade de regulação dos mecanismos
garantidores da sobrevivência humana, tais como respiração, liberação de
hormônios, digestão, regulação da pressão arterial, sensações, movimentos
voluntários, comportamentos, entre outras. Este sistema possui a capacidade de
modificação diante da ação de estímulos ambientais com a ocorrência da formação
de novos circuitos neurais que reconfiguram a árvore dendrítica e alteram a
atividade sináptica de determinados circuitos e grupos de neurônios. A esse
processo do sistema nervoso, segundo Kirstensen, Almeida e Gomes (2001), é dado
o nome de plasticidade, caracterizada pela transformação constante por que
passa o sistema, permitindo a aquisição de novas habilidades cognitivas,
motoras e emocionais, além de aperfeiçoar as habilidades já existentes. O sistema
nervoso, conforme Machado e Haertel (2014), é dividido em sistema nervoso
central, periférico e autônomo. O sistema nervoso central compreende as
estruturas que se encontram localizadas na caixa craniana e na coluna
vertebral, envolvendo na primeira o encéfalo, composto pelo cérebro, cerebelo e
tronco encefálico, enquanto que a segunda envolve a medula espinhal. Assim, por
ser o órgão de coordenação da atividade corporal humana, esse sistema possui
outras funções, além dessa coordenação que são específicas como a motora e a
sensibilidade, contribuindo para o normal funcionamento dos sentidos humanos e
expressão dos afetos e da linguagem. Há que se considerar que nesse sistema, na
observação de Lima et al (2014), ocorrem doenças mentais de base orgânica
identificas como neuropsicopatologias, como também são incluídas as síndromes
comportamentais e os transtornos mentais orgânicos, sintomáticos e do
desenvolvimento psicológico. O sistema nervoso periférico compreende as
diversas estruturas do sistema nervoso que se encontram distribuídas por todo
organismo humano, tais como nervos espinhais e cranianos, gânglios e
terminações nervosas. O sistema nervoso autônomo, em conformidade com Krebs,
Wienberg e Akesson (2013), também recebe a denominação de sistema nervoso
visceral ou neurovegetativo, integra o sistema nervoso como parte relacionada
ao controle das funções da respiração, temperatura, homeostase, circulação do
sangue e digestão. Em vista disso, compreende-se que o sistema nervoso em sua
completude possui uma enorme complexidade funcional e anatômica. A compreensão
dessas atividades possibilita o aperfeiçoamento das diversas funções cerebrais,
proporcionando intervenções eficazes para o processo de aprendizagem. 1.2 A Neuroeducação:
As Neurociências, conforme Machado (2008), são compreendidas como o estudo
científico que se desenvolve acerca dos aspectos de desenvolvimento,
funcionais, estruturais, celulares, moleculares, evolutivos e médicos do
sistema nervoso. Surgida no sec. XX, a neurociência se desenvolveu como campo
cientifico, agregando conhecimentos oriundos das mais diversas áreas, voltados
para o tratamento das doenças neurológicas, buscando conhecer o funcionamento
cerebral e melhoria da qualidade de vida do ser humano, notadamente no
desenvolvimento de papel importante na área de educação, tornando-se guia para
elaboração de estratégias de ensino-aprendizagem. Os estudos realizados na área
das neurociências possibilitaram o entendimento de que o processo de
aprendizagem se dá por meio da modificação dos comportamentos humano, quando
ocorre um novo conhecimento para uma nova habilidade, seja ela de natureza
cognitiva, psicomotora ou afetiva. Esses estudos levaram ao entendimento de que
a aprendizagem possui íntima dependência da interação entre o individuo e o seu
meio, tornando-se significativa com da adoção educacional da prática inclusiva,
criativa e inovadora, afastando segregação ou discriminações. Tal fato
proporcionou a abertura de novos horizontes, especialmente pelo fato de que na
aprendizagem há a necessidade física de mudança cerebral com o crescimento das
espículas dendríticas para que o comportamento seja devidamente modificado. Com
essas mudanças cerebrais é que ocorre a consolidação da aprendizagem,
resultantes do aumento das espinhas dendríticas hoje acompanhadas e monitoradas
por meio de equipamentos que identificam as atividades neurais. Por
consequência, os estudos neurocientíficos possibilitaram o entendimento de que
a aquisição de novos conhecimentos e habilidades que resultam na aprendizagem,
proporciona a mudança do comportamento, em razão da informação ou conhecimento
recolhido que passou da memória operacional para ser consolidado na memória de
longo prazo. Para que isso ocorra é preciso que haja equilíbrio em diversas
funções físicas, principalmente do equilíbrio do sono para que tal aprendizagem
seja efetivada, entre outras medidas que envolvem criatividade e inovação. Percebeu-se,
portanto, que as descobertas e avanços ocorridos na área da neurociência relacionada
com o processo de ensino-aprendizagem, tornaram-se indubitavelmente importantes
para a área educacional, tendo em vista as direções tomadas para o estudo do
cérebro que aprende. Tal fato se deve à constatação de que a aprendizagem e
todo processual educacional envolve processos neurais que estão relacionadas
com as atividades sinápticas do complexo e maravilhoso processamento de reação
de estímulos do ambiente efetuado pelo cérebro, efetuando ligações entre os
neurônios, tornando-se intensa a comunicação entre os estímulos que transitam
para formarem circuitos processadores das informações que serão consolidadas na
mudança comportamental. Tem-se, com isso, a certidão de que a neurociência
passou a desvendar a função matricial do cérebro no processo de aprendizagem,
por meio da identificação das funções dos lobos, sulcos, regiões e reentrâncias
cerebrais de forma interativa e articulada entre si. Tais funções consolidam a
memória e possibilitam o mecanismo da atenção, da memorização, da cognição, da
escrita e da linguagem. Por consequência, tais conhecimentos proporcionaram a
adoção de estratégias adequadas para o ensino-aprendizagem, contribuindo,
assim, para aquisição, produção e reprodução do conhecimento, bem como da
melhoria da qualidade de vida do sujeito na prática educacional. A
neuroeducação foi criada por Susan Leigib com o objetivo de trabalhar com as
informações do sistema mental com base no conceito do mapa holográfico
cerebral, construído pelo cérebro na codificação da realidade. Compreende,
portanto, um composto de técnicas com estrutura da mecânica quântica que permite
a neuroprogramação das matrizes de inteligência, para intervenção em áreas
específicas do sistema mental e criação de possibilidade que potencializem as
matrizes lógicas. Trata-se de um processo que objetiva a potencialização do uso
cerebral por meio do processo educacional, a partir do conceito de tela mental
e imaginação por meio de ferramentas capazes de intervir sobre as deficiências
ou dificuldades de aprendizagem para torná-la fácil, rápida e acessível a
todos. Por consequência, esse ferramental possibilita ao sujeito atingir o
máximo potencial de funcionalidade e capacidade para melhoria da qualidade de
vida do individuo. Assim sendo, a neuroeducação é a área científica que estuda
e procura compreender os distúrbios, doenças nervosas e mentais que afetam o
processo de aprendizagem, possibilitando ao profissional da educação na
identificação de problemas que possam ocorrer na sala de aula. Além disso, atua
na identificação e tratamento das dificuldades de aprendizagem, deficiências de
audição e visão, dislexia, discalculia, dispraxia, gagueira, hiperatividade e
desordem de atenção, disfunções cerebrais e do desenvolvimento, retardamento
mental, lesões cerebrais, além de doenças sistêmicas e doenças mentais como
depressão, ansiedade, entre outras. Está voltada para tornar o ato de estudar,
frequentar escola, leitura de livros, pensar, aprender novas coisas como uma
atividade muito interessante, prazerosa, fácil e ao alcance de todos, com o
objetivo de trabalhar na superação de incapacidades de aprendizagem e para
expansão dos conhecimentos específicos. Assim sendo, a neuroeducação atua no
tratamento das dificuldades de aprendizagem no estudo formal, memorização,
execução de instrumentos musicais, concentração e motivação, entre outras
atividades. Em vista do exposto, a neuroeducação e neuroaprendizagem objetivam
a criação das melhores condições de ensino e aprendizagem, tanto para os
profissionais da educação como para os clínicos em geral. Atua, portanto, na
identificação, compreensão e criação de estratégias que possibilitem o
desenvolvimento e estimulação dos processos neurocognitivos fundamentais que
envolvem o ato de aprender. Além do mais, procura criar métodos eficazes de
ensino-aprendizagem nas mais diversas situações, compreendendo as bases
neurocientíficas dos processos que envolvem a relação ensino-aprendizagem,
identificação dos perfis neuropsicológicos na normalidade e nos principais
transtornos que possam ocorrer no processo de aprendizagem; aplicação prática
de conhecimentos e estratégias neurocientíficas que possibilitem a garantia de
um melhor processo de ensino-aprendizagem; desenvolvimento e aplicação de
estratégias de ensino na educação especial com o objetivo da inclusão escolar e
social. Há que se evidenciar que o acompanhamento e participação do
profissional do psicólogo ou de profissionais da área neurocientífica na
educação é de suma importância também para o caso de identificação de
dificuldades ou enfermidades, na indicação de psicofármacos que sejam benéficos
para melhoria da aprendizagem, minimização de problemas comportamentais ou
interferência nas dificuldades de relação na vida escolar. A parceira educação
com as neurociências indubitavelmente proporciona melhorias eventuais pela
melhor compreensão que se terá do quadro clínico de cada aluno que se encontre
com deficiência ou dificuldade, para instaurar um efetivo quadro de inclusão
social e escolar. 1.3 A criatividade e a inovação no ambiente escolar: As mudanças
ocorridas nas últimas décadas em todo planeta se manifestaram de forma profunda
na transformação da sociedade e afetando diretamente as relações individuais e
coletivas. A partir de então, a criatividade e a inovação passou a ser o
requerimento de toda organização, a partir de uma base pautada no conhecimento
e na competência, como ferramentas indispensáveis para enfretamento da
turbulência contemporânea. Em vista disso, observa-se o quão importante é a
motivação no contexto da gestão de pessoas no complexo organizacional
contemporâneo, sobretudo educacional. Tem-se, portanto, que para o
enfrentamento das mudanças e dos desafios turbulentos da atualidade, faz-se
necessária a adoção de práticas voltadas para a criatividade e a inovação na
gestão de pessoas, nos negócios contemporâneos e no processo de
ensino-aprendizagem. Encontra-se em Gomes e Lapolli (2015, p. 19) que “Os
estímulos à criatividade e à inovação têm sido estudados por vários teóricos e
gestores das organizações interessadas em sobreviver no mercado competitivo em
que estão inseridos”, chamando a atenção para a relação estreita existente
entre a inovação e o ambiente, sendo esta relação um dos fatores mais
importantes para o estímulo da criatividade. Nesse sentido, observam Sternberg
e Lubart (1999) que os fatores estimulantes à criatividade e inovação são
aqueles ambientes em que as diferenças são aceitas e incentivadas para
confronto com os riscos e premiação da inovação, fomentando a autonomia e a
liberdade de criação. Para Alencar e Fleith (2003), são justamente o hábito, a
intolerância, o apego a tradições, a rigidez e o formalismo no tratamento das
relações interpessoais que formam os fatores que são identificados como
barreiras à inovação e, por consequência, inibidores do processo de
criatividade no ambiente organizacional escolar. Chama atenção
Csikszentimihalyi (1999) que a criatividade por ser associada à atividade
artística e está intimamente ligada à inovação, tornando-se, por isso, dois
conceitos unificados, tendo em vista que a capacidade criativa possui a
definição conceitual de habilidade inovadora para geração de ideais, soluções e
alternativas para um determinado problema apresentado e que, por sua vez, a
inovação é identificada como a capacidade de traduzir e converter ideias para
aplicação em um determinado momento. Hill e Amabile (1993) expressam que o
desenvolvimento de potencialidades criativas inatas em qualquer ser humano,
podem ser evidenciadas por meio de técnicas de grande valor no âmbito
empresarial e escolar, fomentando o processo criativo no ambiente
organizacional. Anotam Amabile et al (2005), que o processo de criação de
ideias e sua utilização inovadora é determinado por um processo de aplicação
que proporciona a solução de problemas e formulação de estratégias de
transformação e mudança, permitindo a adaptação organizacional a um novo
cenário ou nova situação. Esse processo, para Hill e Amabile (1993), possui
fases que são identificadas inicialmente na definição de detecção do problema,
a geração e seleção de ideias, e a fase final que é a do consenso e a
implementação da ideia desenvolvida. Acrescentam Alencar e Fleith (2003), que
esse processo inovador deverá ser submetido a um contínuo processo de revisão
para que a criatividade se torne um hábito e uma atitude presente no ambiente
organizacional. Nesse sentido, Mussak (2010), chama atenção para a atitude
criativa que se define na procura incessante de alternativas que visualizem a
solução ou formulação dessa solução por meio de respostas a um problema ou
situações existentes. Por conta disso, expressam Souza et al (2015), que a
criatividade possui relação direta com a utilização permanente de métodos e
mecanismos que não se encontram no contexto de lógicas tradicionais ou esquemas
preestabelecidos, apoiando-se, portanto, em atitudes criativas que buscam novas
ideias, novos parâmetros lógicos, novos enfoques e métodos diferentes para
reinterpretação da realidade, com a finalidade de encontrar e interceptar
problemas e suas respectivas soluções. Desta forma, a criatividade, para Souza
et al (2015), é a constante procura por alternativas para formulação de
soluções em situações existentes para a mudança, correspondendo, portanto, a
uma estratégia competitiva. Conclusivamente observa-se que o conhecimento
ofertado pelas neurociências acerca da função do sistema nervoso, possibilita
uma maior compreensão entre os comportamentos e sintomas dos alunos que se
encontrem na condição de sadios, como aqueles que apresentem dificuldades ou
enfermidades que possam ser tratadas. Tem-se que esse conhecimento possibilita
a aptidão efetiva e de forma ampla para compreensão das relações existentes no
processo de ensino-aprendizagem. Percebe-se, portanto, que a articulação da
neurociência e neuroeducação contribuem para a prática educacional na relação
ensino-aprendizagem, por se encontrarem relacionadas com a percepção das
emoções e das cognições que se fazem presentes nas relações sociais e
educacionais. Tendo em vista a importante ação e função do cérebro no organismo
humano, ficou compreendido o comportamento humano é o resultado da atividade
exercida em conjunto pelas células nervosas que compõem as redes neurais e que
se constituem no sistema nervoso do ser humano. As mudanças de comportamento
humano dependem diretamente do número de neurônios e das substancias químicas
resultantes das suas atividades, bem como das conexões neurais organizadas nas
trocas de informações sinápticas. Tendo-se o fato de que o cérebro é o
importante órgão que se encontra responsável pela aprendizagem e que, por outro
lado, os professores e educadores atuam em suas práticas profissionais no
fornecimento de estímulo que serão direcionados para identificação,
consolidação, seleção, decodificação e armazenamento dessas informações,
possibilitando, assim, o desenvolvimento do aprendizado e mudanças de
comportamento, visualiza-se com isso, que as neurociências e a neuroeducação
assumem papel relevante na prática educacional, notadamente na relação
ensino-aprendizagem, por terem por foco o estudo e as pesquisas acerca do
sistema nervoso, suas células e moléculas, órgãos, estruturas e funções
específicas que incidem diretamente nas mudanças do comportamento humano. Os
avanços nessas áreas científicas trouxeram uma maior compreensão do
funcionamento e operação do sistema nervoso, notadamente acerca das funções e
atividades do cérebro, possibilitando uma melhor adoção de praticas cientificas
no processo educacional. Faz-se mister, portanto, que preocupando-se com o
processo de ensino-aprendizagem, há que se valorizar substancialmente os
conteúdos oriundos das áreas científicas estudadas, entendendo que cada uma
delas favorece uma prática educacional mais consistente, humanizada e
inclusiva. Por conta disso, está mais do que claro o destaque da importância da
neuroeducação pelo devido conhecimento e compreensão dos processos cerebrais,
sinapses, funções, estruturas e atividades, percebendo o quão necessário se faz
para se entender as necessidades e potencialidades dos alunos na sala de aula. Tais
conhecimentos adquiridos embasam e robustecem o arcabouço intelectual do
profissional de educação e de outras áreas, no atendimento das necessidades dos
alunos, experimentando possibilidades de entendimento acerca da apreensão de
conteúdos, promoção de habilidades e competências, bem como de se entender o
trâmite do processo de aprendizagem que vai desde a recepção do estímulo e os
demais processos neurais até a apreensão e armazenamento dos conhecimentos. Com
isso, entende-se que a Neuroeducação possibilita a adoção de estratégias
educacionais para uma adequada forma de ensino-aprendizagem, garantindo o
aprender de todas as formas, possibilitando que esse aprender seja determinantemente
efetuado de formas a promover habilidades e competências.
A PALESTRA - A palestra tem uma duração prevista de
1:30hs, com exposição de slides e apresentação de técnicas e estratégias que
possibilitem o desenvolvimento de uma prática pedagógica afetiva, dialógica,
inclusiva, transversal, criativa e inovadora no processo de
ensino-aprendizagem. Para tanto se faz necessário a utilização de equipamentos
como pedestal, microfone e projetor de slide. Honorários do palestrante: R$
1.200,00 (Hum mil e duzentos reais).
O PALESTRANTE- Luiz Alberto Machado é cantautor radialista e
pesquisador nas áreas de Direito, Educação & Psicologia. Contato: Fones:
(81) 99996.1579 & (81) 99606.4436 Mail: luizalbertomachado@gmail.com ATIVIDADE
ACADÊMICA: Participa do Grupo de Pesquisa: Neurofilosofia & Neurociência
Cognitiva e do Grupo de Pesquisa Psicologia Social & Formação Humana –
Cesmac – Maceió – AL TRABALHOS ACADÊMICOS: Cidadania,
Educação & Meio Ambiente – Palestra apresentada no Projeto
PROTEJO-Maceió, Fundação Darcy Ribeiro/ Ministério da Justiça/Pronasci, 2010
(também apresentada em diversas escolas, faculdades e instituições). Brincar para aprender – palestra/paper
apresentados durante a V Bienal Internacional do Livro de Alagoas –
Universidade Federal de Alagoas – 2011. Contribuição
do teatro para o desenvolvimento da linguagem infantil: uma abordagem acerca da
teoria de Vygotsky – Palestra/paper apresentados durante o IV Congresso de
Psicologia – Uninove – SP, 2014. Neurofilosofia
& Contemporaneidade – Palestra apresentada no Café Filosófico/O Nordestão
– Palmares – PE, 2017. A Literatura de
Hermilo Borba Filho, palestra apresentada durante o Congresso de Educação,
Ciência e Cultura: centenário de Hermilo Borba Filho, na Biblioteca Ascenso
Ferreira/Aemasul/Famasul/Palmares-PE. Hermilo
Borba Filho e a cultura popular, no Festival Arte na Usina – Safra 2017, em
Água Preta/Xexéu- PE. Oficina Literatura
de Cordel – realizada em diversas escolas, bienais, faculdades e
instituições, durante os anos de 2010-2016. PUBLICAÇÕES: É autor de 6 livros de poesias, 8 de literatura
infantil, 2 de crônicas, 1 de estudos acadêmicos & 1 folheto de cordel. Inserido
em diversas antologias, entre elas Poetas de Palmares (Nordestal, 1986), Poetas
de Maceió (Bagaço, 2012) e Guardados e escritos (Guarajás-RJ, 2008). Edita os
blogs: BRINCARTE DO NITOLINO (dedicado
ao público infanto-juvenil, abordando temas das áreas Educação, Direito,
Psicologia e Artes – Literatura, Música e Teatro): http://brincabrincarte.blogspot.com.br/ & BLOG
DO TATARITARITATÁ: http://blogdotataritaritata.blogspot.com.br/
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domingo, março 25, 2018
A POESIA DE IREMAR MARINHO
NA
MARGEM DO CÉU
Minha
alma meretriz percorre a cidade, nua.
Lido
o lado perdição (mundo/muro/solidão).
Nessas
retas ruas cruas de esquinas rotas/rotas
(parcos
versos rotos/tortos) já não reflui vida/lida.
Minha
alma das perdizes (das perdidas meretrizes)
faz
pouso na escadaria da Matriz dos Infelizes
(margem
do Céu de Prazeres)
MACEIÓ
ATLÂNTICA
Uma
vazante tardia alaga a cidade atlântica.
Seres
anfíbios, acossados, povoam bancos de areia.
Maré
de caranguejos tortos (o peso da lama e salsugem) emerge
Brejal
adentro.
Caranguejos,
os maceioenses entram e saem das tocas,
dos
becos, aos encontrões nas ruas estreitas-tortas.
Entre
o mar – a sua cruz – e as lagoas –
a
espada de Dâmocles da tiborna – Maceió que se espreme, vaporosa e alagadiça.
No
embate de mar e água doce, só os caranguejos sobrevivem,
chafurdando
na areia traiçoeira.
Terra
a todos prometida (a ilha no mapa da restinga)
pertence
aos seres anfíbios (a redenção é dos caranguejos).
TAPAGEM
DO ALAGADIÇO
Maceió,
a via torta dos carros-de-bois,
tem
o mapa traçado num berço de águas.
No
contorno de mar e lagoa, flutua a terra movediça.
Maceioense,
com a vida torta dos goiamuns,
afunda
e emerge, afoga-se e revive seu destino anfíbio.
A
cidade atlântica é porto de sereias
que
aplacam a ira do mar com orgasmos de sargaços.
AVE
PEREGRINA
Por
mais que tarde,
Atlanta,
chego ao teu destino porto.
O
mesmo sol que me encanta, reflete em teu rio morto.
Vejo
no canto dos olhos, luzes da cidade-nave.
Sopra
um terral de abrolhos.
Sou
ave suave. Ave! Por mais que faça,
Atlanta,
dos teus sobrados meu ninho,
sou
ave de arribação (leve e livre passarinho).
AVE
ATLÂNTICA
Com
asas de Pajuçara, de Ponta Verde e Pontal
projeto
na ilha rara meu atlante figural.
Nas
asas recolho o lodo (a maresia me esgana).
Minha
cabeça de bobo não sabe meus pés de cana.
Vôo
rasante.
Meu
plano, se alçá-lo puder um dia, é decolar do oceano com asas de fantasia
ALAGOAS
ANFÍBIA
Seres
anfíbios habitam Alagoas de águas recortada.
A
geografia é um leque de rios:
Mundaú
Camaragibe Paraíba do Meio
Ipanema
Santo Antônio São Francisco margeando o mapa.
Mundaú
e Manguaba, os olhos do mar,
choram
lágrimas/mágoas do povo anfíbio.
ONDE
É MAR OU ALAGOA?
Para
Lêdo Ivo
Ninguém
sai do poema de Lêdo
Sem
o mar estético
Sem
as várzeas fluidas
Sem
as raparigas do Cavalo Morto
Ninguém
sai do poema de Lêdo
Sem
lama lacustre
Sem
dormir com as putas
Dos
velhos sobrados
De
Jaraguá redivivo
Ninguém
sai do poema de Lêdo
Sem
o açúcar bruto
Do
porão das naves
No
porto ancoradas
FLORES
DE CANA
Flores
de cana alastram o solo ácido de sangue dos mortos do latifúndio.
O
sol forte é testemunha dos canaviais-partidos (o doce terror dos campos).
O
Mundaú chora mágoas de gente amarga habitante do doce-mar sem limites.
O
sangue de demerara pulsa veia diabética de álcool e mel cabaú.
Sabe
da veia o açúcar, do sangue sabe o veneno.
Sabe
do clima este sol.
Os
afluentes jorrando, a cana se alastrando (o doce por ironia).
A
água morre de química, no Mundaú, vau de lágrimas dos ilhéus/vidas cortadas.
Os
cemitérios, às margens, dos mortos de chistosoma, de bala e colesterol.
Por
este rio escorre o desespero dos mortos partidos como os canais.
Os
afogados conspiram nas angras, dunas e mangues (os enforcados, às margens).
O
rio torto costura a mortalha desses náufragos das tibornas, das caldeiras.
A
lagoa, estuário de mortes (vidas negadas): cenário de funeral.
A
barra do mar-represa é tumba desses ilhéus do Vale da Flor de Cana.
Água
morre de química, no Mundaú, vau de lágrimas dos ilhéus/vidas cortadas.
Os
cemitérios, às margens, dos mortos de chistosoma, de bala e colesterol.
Por
este rio escorre o desespero dos mortos partidos como os canais.
Os
afogados conspiram nas angras, dunas e mangues (os enforcados, às margens).
O
rio torto costura a mortalha desses náufragos das tibornas, das caldeiras.
A
lagoa, estuário de mortes (vidas negadas): cenário de funeral.
A
barra do mar-represa é tumba desses ilhéus do Vale da Flor de Cana.
ESTE
RIO MUNDAÚ NÃO É O MESMO
Este
Rio Mundaú não é o mesmo Rio Ganges que banhou Jorge Luiz Borges cego pela luz
de Buenos Aires.
Neste
Rio Mundaú dos afogados, submerge outro Jorge – de Lima, que Mira-Celi deixou
cego para abrir os portais de sua fuga surreal à insanidade.
O
BARQUEIRO
Sei
o perigo que corres, Caronte.
Sei
o inevitável do Aqueronte.
Não
sei como te salvar.
Um
dia não retornarás do inferno-porto.
Dante
perde para sempre Beatriz.
BARRIGA
DEVASSADA
Para
Castro Alves
Barriga,
a serra mágica, ancoradouro dos mares do Cafuxi e Amolar.
Barriga,
a Serra-Madre, tombada na artilharia de Domingos Jorge Velho.
Uma
chuva lava a serra (Mundaú, rio de banzo, leva o sangue para o mar).
Depois
da destruição, os negros desencantados ressuscitaram na África (da luta o
recomeçar).
O
fantasma Jorge Velho ronda mares do Amolar.
AVES
DA MEMÓRIA
Cimento
e ferro gerando florestas (ferocidades), lançando raiz profunda, mais que a
maçaranduba, mais que o jequitibá.
Devastaram
os bosques do meu sítio, violentaram a calmaria das matas.
Copa
frondosa de louro, cupiúba e caboatã deram lugar a marquise.
Arribação
do tempo, sou ave sem mata, sem rumo e sem volta.
Avoante,
tenho meu coração sufocado na fumaça de rapina.
Baleadeira
da poluição mata as aves da minha memória.
Quero
cidades sem saudades.
POEMA
DE NÉVOAS
Que
divindade reúne miasmas desintegrados e bóreas inomeados para formar nebulosas?
-
Um deus desmemoriado, qual demiurgo deforma o tempo para em seguida refazê-lo
como névoa? –
Não
é o cosmo tecido como teia pela aranha, mas esculpido ao fogo soprado por mil
demônios.
II
Ó
homem marcado, dai lugar a quem, sem sinal, passa incólume sob o crivo dos
detentores da morte.
Atentai
ao que está mudo (não falado-aquém do som), ao quase que nunca é, ao rumor de
ventos dantes.
Atentai
à flor da pedra, à prostração do vazio, ao raio feito delírio, aos lírios
ensanguentados.
CONCERTO
PARA FLAUTA-VÉRTEBRA
Em
vez de poeta, sou o homem do megafone.
Com
a palavra no trombone, anuncio, à luz do dia, toda tessitura lírica, todo poema
do mundo para ruir num instante.
Se
eu me chamasse Raimundo, se eu conhecesse Drummond, se eu visse Pedro Nava,
ruiria num segundo todo edifício de ossos, toda escultura-palavra.
Se
fosse eu Maiakovski, seguraria o gatilho da palavra invertebrada da revolução
vencida por um tiro atrás da porta.
Todo
poema do mundo, toda construção-palavra ruindo por um instante, no lampejo do
estampido, num sopro da flauta-vértebra.
(A
mais-valia da bala, o mundo em desabalada, uma balada-sussurro, um tiro no dia
rubro ruiu a trama da lírica da revolução de outubro).
Eu
não me chamo Raimundo, nem Drummond nem Pedro Nava, só choro às margens do Neva
junto aos mortos de Akhmátova.
CANTAR
CIGANO
para
Garcia Lorca
Eu
tenho um nacarado no chapéu, tremeluzindo no profundo azul do céu.
Eu
vejo um véu de nardos no bordel, traduzo o sonho do poeta no papel.
Aura
de estrelas iluminando o bailado de meninas de aluguel.
Luar
do sono, quando me acordo, com a viola, da menina me recordo.
Eu
vejo dos cavalos o tropel, as capas negras, o rufar dos tamboris.
Vejo
o poeta, nas entrelinhas, beijando a morte na mirada dos fuzis.
CABO DAS TORMENTAS
Há um Cabo das Tormentas a passar
Há uma vida de tormentos a vencer
Há esquadras sobrepostas para o mar
Há o tempo para o império perecer
Há um reino que não volta do Alcácer
Há o poeta que espera o rei voltar
Há o nauta que naufraga ao Bojador
Há o império que sucumbe além da dor
Não consigo atravessar o Tenebroso Mar Atlante.
Como Sísifo e sua pedra eu não passo o Cabo
Não de cansaços.
IREMAR MARINHO – O poeta, jornalista,
publicitário e advogado Iremar Marinho, edita o blog Bestiário Alagoano e reúne alguns de seus trabalhos no
Recanto das Letras. Veja mais do autor aqui e aqui.
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