JORNADAS DE ECONOMIA POLÍTICA, HISTÓRIA
ECONÔMICA E SOCIAL – Acontecerá entre os dias 12 e 14 de setembro, no Centro
Acadêmico do Agreste (CAA-UFPE), em Caruaru, a III edição das Jornadas de Economia Política, História
Econômica e Social (III Jephes), comemorando os 200 anos do nascimento de Karl Marx
(1818-2018). O objetivo do evento é o fortalecimento da pesquisa nas áreas de História Econômica e Economia
Política, oferecendo subsídios para alunos, professores e pesquisadores através
da troca das experiências com estudantes e estudiosos de outras regiões. Veja
detalhes aqui.
quarta-feira, julho 25, 2018
terça-feira, julho 24, 2018
COLOQUIO DE FOTOGRAFIA DE CARUARU
COLOQUIO
DE FOTOGRAFIA DE CARUARU – Acontecerá entre os dias 15 e 17 agosto, no Armazém da Criatividade e o auditório do Centro
Universitário Tabosa de Almeida (ASCES – UNITA), em Caruaru, o I Colóquio de
Fotografia de Caruaru (CFC), com atividades de fomento ao aprendizado na área,
orientando profissionais sobre como inovar e desenvolver seus trabalhos em
sintonia com os novos rumos do atual mercado fotográfico. Veja detalhes aqui.
segunda-feira, julho 23, 2018
POESIA ABSOLUTA DE VITAL CORRÊA DE ARAÚJO
O DESTINO POÉTICO DE VITAL
CORRÊA DE ARAÚJO – [...]
Pensamos ter demonstrado que nossos três
escritores manifestam nitidamente três tratamentos diferenciados da
subjetividade literária. José Lins, o prosado de Meus Verdes Anos, parece o
mais isolado das duas almas trágicas que são os dois poetas. Mas é apenas uma
impressão de superfície, já que VCA morde a veia da vida com igual apetite que
ele. Supervielle é que parece ser a figura de irrecuperável tragidicdade. E,
mesmo assim, as suas compensações poéticas encontram as dos seus dois confrades
no topo da fonte de onde Pégaso fez jorrar a autêntica poesia. Trecho da obra
escrita pelo professor doutor Sébastien
Joachin (Bagaço, 2008), com prefácio de Antonio Campos, O destino poético
de Vital Corrêa de Araújo, A perversão poética: entre a tradição e a invenção,
Sublime e não-lugar do poeta e da poesia, Poésie de Pernanbuco ai début du XXI
siêcle, Nomadismo e Utopia na escrita de José Lins do Rego, Jules Supervielle e
Vital Corrêa de Araújo.
O FUTURO DA POESIA – Obra organizada pelo poeta e professor
Admmauro Gommes (Inovação, 2017),
dividida em duas partes. Na primeira
parte, A poesia absoluta vital, traz do espanto a adoção de uma nova poesia,
sobre futuro arcaico, arrebentando a linguagem, o poema é atemporal, um verso
novo e palavra oca, mas cheia de si. Na segunda parte, os capítulos são
divididos em A influência vitalina, com o neologismo de Tony Antunes, Mudança
de rumo em Amanda Caroline, O jogo de palavras de Renata Moura e a Superação do
poético em Pablo Pereira. Na terceira parte, O poeta e a crítica (da crítica),
a arte que resiste ao tempo, o exercício da crítica literária, sobre a
contribuição de Amanda Caroline, incitando a nova crítica e Renata mergulha no
poema. Na segunda parte, os capítulos são definidos pelos temas Vital Corrêa: o
poema de alma seca, de Amanda Caroline Freitas de Araújo; Poesia que
desinterpreta as variações dos sentimentos humanos, de João Constantino Gomes
Ferreira Neto; O desvario da palavra em VCA, de Renata Moura da Silva; Vital Corrêa
de Araujo e a poesia absoluta, de Adonias José da Silva/ A profissão do
significante na poesia absoluta de Vital Corrêa de Araújo, de Gleidstone
Antunes; A poesia absoluta e a necessária coragem do abandono, de Vaio Vitor
Lima; Vital Corrêa: um eremita da literatura, de Débora Rodrigues de Lima; A
poesia absoluta em Admmauro Gommes: comentário sobre o poema Embriagado de
sonhos, de Adonias José da Silva; e O retorno do recalcado na poesia absoluta,
de Jefferson Evanio.
TEORIA DA POESIA ABSOLUTA – Obra do poeta e professor Admmauro Gommes (Autor, 2017), reunindo
quatro capítulos, o primeiro deles sobre generalidades poética; o segundo, A
poesia absoluta; o terceiro, Da ótica vital a diversos olhares; e o quarto,
Mostra da poesia absoluta de Vital Corrêa de Araújo. Constam ainda no volume
adendos reunindo a liberdade das palavras, poesia contagia e a vida e obra do
autor. No anexo, dez motivos para estudar literatura.
GESTA PERNAMBUCANA
terça-feira, julho 17, 2018
FESTIVAL INTERNACIONAL DE CURTAS KINOFORUM
FESTIVAL INTERNACIONAL DE CURTAS KINOFORUM –
Acontecerá entre os dias 22 de agosto e 2 de setembro de 2018, o 29º
Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo. O Curta Kinoforum é um
dos maiores e mais tradicionais eventos dedicados ao formato do curta-metragem
no mundo e tem como objetivo o intercâmbio entre a produção brasileira e e
internacional. Com um caráter cultural e não competitivo, o Festival visa
exibir filmes que contribuam para o desenvolvimento do curta-metragem, sua
linguagem, seu formato específico e sua forma de produção. Veja mais aqui.
domingo, julho 15, 2018
A POESIA SALVA A ALMA, DE VITAL CORRÊA DE ARAÚJO
APRESENTAÇÃO VITAL
Poeta (não é fingido) é simulador de
falsas palavras.
Isto é, de fingidos sentidos. E sentimentos
turvos.
Produtor de gritos novos e messes cilíndricas.
Fazedor vital de falsos perfumes do
verbo.
E de desaromas verdadeiros. Ao simular
palavras
(ocas porque plenas do sal do silêncio
ocas porque o abril
cruel de Eliot as fez assim) o poeta dá
sentido ao caos do cosmos.
Formalmente objetiva o ser do verbo. E o
verbo é o humano
Posto na página. O que restou da luz do
sopro de Deus na terra.
EM SÍNTESE
Se há lógica na poesia é a da redução
completa ao absurdo.
E se há crença na poesia é por ser ela
absurda.
Crer na poesia é ser humano.
A poesia salva a alma.
DEFINIÇÃO DE POESIA
Poesia: máquina de moer ângulos
Esmagar catetos das hipotenusas azuis
E reviver pó a partir das cinzas do
espírito
Forjar bobinas de abelhas cúbicas
Para turbinas esquizofrênicas.
Poesia: máquina de morder êmbolos
E pôr gritos diurnos nas bocas da noites
como brisa.
Poesia: máquina para revigorar sono de
pedra
E indefinir o esmo com o verbo deserto
E a palavra nômade.
Preciso de lama fria
Para emporcalhar o inferno.
Desordem? Uma palavra que significa divo
caos.
No interior da alma ressoam
Silenciosos precipícios da existência
No interior do brancos ermos do mundo.
O POEMA ABSOLUTO
O poema absoluto na realidade é
hipnótico. À primeira vista, estranho, tende-se a afastá-lo de si, dos olhos e
mentes leitoras. No entanto, a reação é anti-hipnótica: quer-se livrar do
efeito medusante, paralisante, devorador do ente fruto do verbo de barro. Sua complexidade
penetrante, seu hermetismo atraente exercem um efeito seduzante, ao qual a
primeira reação involuntária é evitar, porém logo o estranhamento torna-se
encantamento. E algo irresistível leva-o (a leitor absoluto) a bordo do poema,
a ir – como Rimbaud bêbado – embarcar na ébria barca dos sentidos.
Pode-se afirmar que o poema absoluto
beira a linguagem do desejo oculto.
APELO
Não me entendam, por favor.
Se não me entedio.
Meus poemas não são pour épater... e nada
mais.
Ou menos, tanto faz.
Faço poemas para mim (o outro mesmo).
Primo entre os pares fluo banalmente
Com a palavra em haste
Erguida contra céu riste.
Sem deméritos comigo mesmo
E sem benemeritismos inóspitos.
Ou hipócrita beneficentismo.
A prima face do meu poema doo a Narciso
Premier dos príncipes lacustres.
O que cortou o rosto
Com cacos de água.
Adendo: apelo aos Correios para que
aceitem cartas de suicidas sem selos.
IRRESSURREIÇÃO
Há uma insurreição em mim
De antigos e devolutos textos
Não das terze rime, mas versos libres.
É uma irrupção verbal amorfa e plena.
Um treno (grego) em que noções
De antes e depois mirraram
Esplendorosamente as distâncias entre
Eu e eu, eu e outro, eu e o mundo partiram-se
Morreram e ressuscitaram
Agora no túmulo da lenda moram.
Se fundem o infinito e o fragmento.
Se inacaba o tempo e a lua não mais torna
ao mundo vazio.
Silos de instante se avolumam
Transes e ritmos pulsam, sítios e átimos
dançam
Hortas de hora a vida aduba.
O conhecimento vinho não me perturba.
DESOLHAR
As escarpas belas do teu olhar alpino
(olhar lateral é a da real
E insincera leitora)
Lábio sujo com úmida pertinácia
E atiço e acicato
Sentidos que não queiram delirar.
POEMA REDONDO
A terra exige seus direitos
(inalienáveis)
Apregoa a pregadores suas mazelas
Desola Eliot
Que olha suas nervuras e trevos
E treina malmequeres em Álbion
As vacas sagradas dos empreendedores
mugem
As veias devastadas dos jovens
Pela química desenfreada da alegria pétrea
Pelo êxtase comprimido em cachetes
brancos ou róseos
Anseiam por ditirambos e renúncias democráticas
Hinos de cinza se erguem das taças de
tório
Lábios plutônicos espiam vaginas de
uranio
Bocas de césio anseiam por hecatombes
goianas
Eitos de novalis se acumulam sob lua sonâmbula
Que fareja nos silos dos pounds de
algibeira o limbo da palavra
Estéril herança, áridos legados, ócios e
trapaças azuis
Imitações de falsos propércios cesários
Vendidas por frações de sestércios (e
deuses de césar)
Cerdas para escovações viris, senis
vassouras januárias
Lembranças de abortos, colmeias
encantadas.
A
POESIA SALVA A ALMA – O
livro A poesia salva alma (Autor, 2017), do escritor,
jornalista, advogado, professor, conferencista e tradutor Vital Corrêa de
Araújo, traz VCA salva a alma da poesia de
Rogério Generoso e poemas A ver antes sem mais havê-lo. Veja
mais aqui.
ID DE VITAL CORRÊA DE ARAÚJO
SOU (?)
Eu deliro quando poemo.
Sou o id. E você é o quê?
Creio no incrédulo.
De insana consciência declaro que sou.
De mim dou infé.
Busco, creio, sonho com a incerteza
E o descontínuo
Detesto continuidades extensivas
E simetrias idiotas, iro
A lógica hiante cotidiana
Do ser ordinário curral e seminário
Os frios cálculos da usura (que dependuro
E crucifico na cruz contável e festejo
com linces bursáteis
E suas mandíbulas de deságios).
Execro a ignorância crassa
Dos que vivem de banalidades imperiosas
E se movem só no entorno
Do juro, da moeda e do umbigo.
Vade retro
Ordinária humanidade!
MEU POEMA
Meus poemas vivem à superfície
(a claridade profunda os escurece)
Dos sentidos natos é afogado.
Uso toda a maestria da imperícia
Para compô-lo com ensoberba grave.
Sou adepto (de fécula) de metro fúnebre
(que mede a morte da poesia)
Que meçam a autora do útero (antes do
aborto)
E a raiz (ou ardis) do gozo
Que não interessa.
ELEMENTOS DO POEMA
Narcisos não são sonolentos, mas fugazes
Nuvens que são esferas (esférico Deus)
Montanhas não são cones (cônicas águas)
Gaivotas são círculos do ar salino
O córtex de um pinheiro é plano
Nenhum raio viaja em lua reta
(contra Einstein).
POSIÇÕES
Cremes para consumo dos rostos.
Súplicas para conforto da alma.
Sombras para gozo das pálpebras.
Prego a fundação de uma nova
Realidade poética
Um novo vigor da palavra
Uma nova aventura do verbo
(cansado da rotina que Deus me deu).
Prego nova sensibilidade
E nova modalidade de rima.
Em poema, não há circunstâncias
atenuantes
Nem culpa sem dolo, verbo sem alma.
O que se apodava inspiração
Hoje, agora, é espírito crítico.
IDELIRANDO
Brisa apazigua deuses
Noite esmera sombras
Tarde afoga-se dos pasteis do crepúsculo
Lua apunhala de silêncio a alma.
Todo amor é solitário
Nenhum gozo se divide
A volúpia é promíscua
Invejosa, avarenta.
Outono chora folhas
Que foram embora.
(Como choro da lucidez desvairada).
Veredas do outono não percorri.
Elas vivem em meus pés.
Ensinam ao rosto o caminho.
ID LÍRICO
Em teu olhar há
Luas acantonando-se docemente
E sois esperando
Desmaio da tarde.
ID MÚSICO
Venho de longos violoncelos
De zelos e cantatas mortas há muito.
Venho de gorjeios de flores
Rubro arrulho de rosas
Trago secreto matizes de pássaros comigo.
Comungo com ovelhas
E velhas estrelas
Da comarca quimeras.
(A vida é estreita porta para o sopro
Espessa saída para o nada
Que parca torpe fia e desfia
À vontade de sua triste sina).
(Roca vil).
IDÍTICAS CERTEZAS (OU CINZAS DO EGO)
Há vândalos no imo das fortalezas
Touros acantonados nas furiosas ameias.
Cílios dos olhos das colmeias
Prêmios das quintas do inferno.
(ID sonha o céu).
Das ruas ira submarina
(imersa nas almas – sanguessugas)
Cólera cerca edifícios
Dos halls raiva se banqueteia.
Templos de conflitos das avenidas
Atropelados choram nas calçadas
Mendigos rosnam como ratos da última
sarjeta intacta.
ÚLTIMA LÁPIDE
Abandono a claridade crua
A selvagem panaceia do nítido
Penetro a escuridão líquida.
Se alma mandíbula metafisica
Do gusano devora
Come meu corpo terra ingrata (e sagrada).
ID – O livro Id (Autor,
2013), do escritor, jornalista, advogado, professor, conferencista e tradutor
Vital Corrêa de Araújo, traz apresentação de Roberto Cavalcanti
de Albuquerque, ID Vital de Maria Cristina Cavalcanti de Albuquerque, O ID e o
poeta & Para entender Vital Corrêa de Araújo de Admmauro Gommes, ID e a
Poesia Absoluta de Vital de Osman Holanda Cavalcanti, e é dividido por ID
Primo, ID Duo, ID Tertvs, ID Qvartvor, ID Qvintvs, Com a palavra o ID, ID
Sextvs (ou o sexo do ID), Mãos ausentes. ID Septvor, Conclvsão, Adendos para
desesclarescimentos do leitos e Adendos de última hora, Cínicos, como o ID. Veja mais aqui.
quinta-feira, julho 12, 2018
SEMINÁRIO CORPO, GÊNERO E SEXUALIDADE
SEMINÁRIO CORPO, GÊNERO E
SEXUALIDADE – Acontecerá
entre os dias 19 e 21 de setembro, no CIDEC Sul – Universidade Federal do Rio
Grande (FURG), o VII Seminário Corpo, Gênero e Sexualidade: resistências e
ocupa(ações) nos espaços de educação, além do III Seminário Internacional
Corpo, Gênero e Sexualidade e o III Luso-Brasileiro Educação em Sexualidade,
Género, Saúde e Sustentabilidade. O Seminário é direcionado para professores/as
da rede pública e particular de ensino, profissionais da área da saúde,
pesquisadoras/es, estudantes de graduação e pós-graduação e demais
profissionais interessados/as. O evento busca trazer para o cenário de debates
as práticas, presentes em diversas instâncias sociais, implicadas na produção
de políticas voltadas ao fazer viver, à medicalização, à promoção da saúde, à
juvenização, à beleza, à heteronormatividade, por exemplo, temas relacionados
ao controle dos corpos e, nele, dos gêneros e das sexualidades, entre outras
temáticas que tem ganhado espaço no cenário social. Veja detalhes aqui.
terça-feira, julho 10, 2018
CONGRESSO DE FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO
CONGRESSO DE FILOSOFIA DA
EDUCAÇÃO – Entre os dias
19 e 21 de setembro de 2018, acontecerá na PUC Campinas – Rod. D. Pedro I, Km
136 – Parque das Universidades, em Campinas, São Paulo o III Congresso de
Filosofia da Educação - Escola: problema filosófico, promovido pela Sociedade
Brasileira de Filosofia da Educação no Programa de Pós-Graduação em Educação da
Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Os eixos temáticos do evento são:
A escola e seus problemas, Os professores e seus problemas, Os estudantes e
seus problemas, Os funcionários da escola e seus problemas, A gestão escolar e
seus problemas e Filosofia da Educação e os problemas da Escola. Veja mais
detalhes aqui.
CONGRESSO INTERNACIONAL DE PEDAGOGIA SOCIAL
CONGRESSO INTERNACIONAL
DE PEDAGOGIA SOCIAL – Acontecerá entre os dias 19 e 22
de setembro de 2018, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, o VI
Congresso Internacional de Pedagogia Social & Simpósio de Pós-Graduação,
com objetivo de realizar uma reflexão quanto ao papel da Pedagogia Social em
constituir-se em uma resposta pedagógica à diversidade de ameaças, conflitos e
disputas que ameaçam a sociabilidade humana em diversos contextos e partes do
mundo. No evento ocorrerá conferências magnas, mesas temáticas, oficinas/minicursos
e visitas sociais envolvendo os participantes. Veja detalhes aqui.
segunda-feira, julho 09, 2018
HÍMEN DE MALLARMÉ, DE VITAL CORRÊA DE ARAÚJO
TEMPO
NÃO FOGE, ABOLE
Por mais
que o tempo não fuja de mim
Em debandadas
horas
Abandonem-me
as veias (e capilares horários)
Ou percorram
meu corpo
Endiabrando-se
pelos ínvios
Caminhos
da vente (saltos
E cachoeiras
de sinapses selvagens
Estremecendo-me
a alma
Que acredite
em édens)
E se
imiscua da carnadura das idades
Como o
sangue de um soneto
Ou de
hecatombe cem agonias
(decretando
a sucumbência do coração)
Resta algo
a perder sempre.
(Este
poema que continua
Na
próxima página
Foi composto
após
O sétimo
uísque com gelo (single malt)
No numinoso
terraço em ele
Da casa
da montanha)
Não que
sumidouros morressem.
Não que
sílabas estivessem cansadas
Não que
alma não mais ululasse
Como antigamente
(latim do corpo).
Não que
os lamentos se petrificassem.
Não que
saudade fosse só rastro
Ou mentia
(meio que encantada).
Não que
domingos perdessem o branco.
Ou juros
o ábaco.
Não que
luar caísse como pedra ou coroa
Sobre jardim
fúnebre (ataviado de cravos de lamúria).
Não que
sangue da estrelas coagulasse olhos
E o
leite da constelação rastejasse.
Só porque
hoje é sábado.
E a vida
ainda dorme
Enquanto
eu não sobrevivi
À sexta-feira
sem paixão
(após
quarta-feira
De cinzas
acesas).
PARA
ENTENDER POESIA É PRECISO
Para
entender poesia é preciso
Que leitor
não ignore as constelações
Nem estigmas
que crepitam
Na página
branca
Onde poetas
derramam seus delírios amarelando.
Onde erram
licores
E rios
atentos urram
Em busca
das rimas d’água
De sonetos
afogados
E baladas
sonâmbulas.
ESCREVO
POESIA POR QUÊ
Eu escrevo
poesia porque vou morrer.
Porque a
eternidade existe para a pedra
E não
para a carne.
Porque o
espírito é de barro.
Eu escrevo
poesia para que não amanheça nunca
Para que
meu rosto termine logo.
Para que
eu não seja.
E o
mundo me esqueça.
Para que
tigres
Lambam meu
féretro.
Para que
fúnebre cravo
Rosa dissoluta
Lírio absoluto
Rastejem
em meu rosto.
Extinto.
POEMA EM
FRENTE E VERSO
(FRENTE)
Do limiar
de pássaro projeto
Meu voo
ao Averno
Minha lídima
vinda ao inverno
Meu périplo
direto ao acervo
(dos
ossos das utopias e dentes combalidos do ardor)
Meu ir
para o que volto projeto
Para o
quando do rosto acordo
Enquanto
manhã agoniza olhos
Sobre tratado
monetário debruço
Último juro
e injúria usurária
Compêndio
do absurdo
Ao lado
do leito coalhado de solidão
Arrumo com
a lentidão dos gestos finais
E jogo o
resto do devaneio (e dúvidas que sobrarem).
VERSO
Parâmetro
de meu porvir de prata e dano
Vive da
escavação de meu ego tíbio
Financeiro
(e culinário) a pastar o abrupto
Além de
viver da ração de orgasmo diário
A ouvir
a dor vir do interior para o horizonte de si
Exterior
que violenta o lírio, a alma, o sono
E joga-os
contra as jazidas esquecidas do sal
Onde átimo
de seiva cavo
Para adubo
íntimo do mundo
A tudo
devoto o nome alicerce vital onde
Sílabas esculpo
com hiato e buril, túneis pronuncio
Para fortaleza
do ânimo em ruína
E termino
por enterrar o sono no lençol de pedra do id
Que é
meu pronome final.
ALMA TEM
NOME E DANO
Também
morre o barro
A ébria
luz do olhar branco
O sopro
cega
A dor
não ensurdece o grito que ela elabora
O betume
se apossa do espírito
O deserto
arde como a alma
Tão perto
da autora e da pedra
E da
perda do nome para a terra.
POEMAS
Não te
quites com o que virá
Não te
comprometas com céus
Não te
consoles com piedade ou véus
Não acostumes
teus olhos
A miragens
ou promessas de luz (falsa)
Não comercies
indulgências baratas
No mercado
bursátil da providência vale a farsa
Não condescendas
com sinas amenas
Pois o
esplendor do abismo é vivo.
Nem todo
lume é falso.
Nem toda
razão inútil.
Gramaticas
não são dádivas edênicas.
A sintaxe
é a paralisia da palavra.
Reio. Rédea
insana. Maldição do verbo.
DESGOSTO
DE DEUS
Quando tudo
ainda estava-se criando
E o
Senhor ocupado suava da lida inútil
Do infinito
esforço vão
As divas
mãos já muito gastas
De tanto
amaciar o barro
E modelar
a vida
Com a
argila da imaginação oleira
(oficio
desse Ser Artista tão Alto)
Forja ainda
incompleta
(a usina
do Demiurgo plena)
O distante
domingo apenas uma meta
Ele a
meditar ainda no profundo cálculo da borboleta.
Sentiu de
súbito
Num relâmpago
do divo pensamento
A inutilidade
de tudo aquilo
O desperdício
do sopro (divino)
Mas não
desistiu (infelizmente).
CAMINHO
MORTAL DO POEMA
Pelos lábios
do dicionário
E becos
sintáticos
E ciladas
da gramática sigo
Em direção
ao centro do poema
Em busca
do sentido perdido.
Atravesso
pupilas das moscas
Exército
indecoroso dos gusanos gramaticais
Sempre a
postos em todo o percurso
Alçando o
âmago do ômega
A linfa
alfa morro.
COITADO
LEITOR
O leitor
de poesia – por vício ocupacional
Do texto
parnasiano (sobrevivente
inusitado)
que aqui
se chamou de romântica
tende
(ou continua) a procurar conceitos
no poema
e não imagens. Então, quebra a cara.
Escorrega,
desliza pela página como um parque
Aquático
Passa ridículo.
Segue em, branco, longe da verdade.
Por isso
a poesia detém sua verdade.
Ínsita,
soberana, peculiar (apodítica).
A atitude
desse leitor ignato
É decifrar
conceitos (e se embasbacar com imagens)
Descobrir
definições, fechar silogismos.
É viciado
em exegese, como um advogado. Por
Instinto
ou definição.
Busca o
sabor da ostra poética
Sobre a
crosta. O acepipe lógico.
O bônus
gramatical. Coitado!
POEMA:
VEIA DA PALAVRA
A poesia
respira pelos pores e cones (cubos e ícones)
Dos fragmentos
das frases.
A frase
íntegra é o pulmão da prosa.
A poesia
conta a história da palavra
Sua odisseia
filosófica, narra
O desvario
de seus sentidos (nada óbvios).
A prosa
usa a palavra como bucha de canhão.
Mix de
vozes e sílabas
Compõe o
poema.
A poesia
é o conhecimento do obsceno (verbal).
POESIA
Poesia casulo
de palavras
Antro de
proliferação de fragmentos verbais
Prole de
sentidos rimbaudianos
Usina de
sintagmas onde demiurgos
Siderurgiam
vozes do amálgama de aço das palavras
Extraem sentidos,
multiplicam imagens
Engenho da
imaginação da linguagem
Ostra de
significantes, concha
De vivas
sílabas reluzindo
Como amapolas
ou nenúfares perfeitos.
(cinamomos
azuis, anêmonas gentis, asfódelos hirsutos)
É nácar
a mãe da pérola do verbo.
É níquel
a alma (e o corpo) do vocábulo.
A poesia
é um casamento de palavras (amasiadas).
Poesia casamata
de verbos sublevados.
Plúmbea,
púbica, alquímica verdade do mundo.
HÍMEN DE MALLARMÉ – O livro Hímen de Marllarmé (Autor,
2013), do escritor, jornalista,
advogado, professor, conferencista e tradutor Vital Corrêa de Araújo, é dividido
pelas partes Sal noturno, Alfa, Beta, Delta, Teta, Gama e Ômega. Veja mais aqui.
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