ENTREVISTA DE JANILSON SALES – Conheci
o professor e poeta Janilson Sales,
durante o evento do projeto Museu do Homem
do Campo, na Biblioteca Fenelon Barreto, por meio do diretor da
instituição, João Paulo Araújo. Conversamos, trocamos ideias e livros,
oportunidade em que tive de realizar a entrevista falando de seus livros, seu
trabalho pedagógico, seus projetos e realizações.
LAM - Janilson, primeiro vamos falar do poeta:
quando e como se deu seu encontro com a literatura?
Histórias que minha mãe contava permearam toda minha infância. Os
clássicos de Hans Christian Andersen, Charles
Perrault,contos dos
irmãos Grimm, fábulas de La Fontaine, Esopo e o fascínio
dos personagens de Monteiro Lobato e histórias diversas da tradição oral.O
interessante é que não tínhamos os livros.Minha mãe teve acesso quando estudou
e recontava-os.Quando do meu primeiro ano de escola, ai sim,tive acesso aos
livros.Lembro que trazia para casa e pedia que minha mãe lesse para mim.Tinha
um meu preferido, da Eva Furnari.Como só tinha desenho eu conseguia entender a
história mesmo sem saber ler.Anos depois, já alfabetizado, tive contato com o
livro didático intitulado Terra da gente.E nele um texto em poema.As rimas
encheram-me os olhos.
LAM - Quais influências da infância e
adolescência consolidarão sua formação literária?
Das histórias que eu ouvia fazia parte o cordel. Adolescente ainda já
comecei a colecionar. Autores diversos, temas diversos.A musicalidade, as rimas
faziam minha alegria. Depois, já tendo a cesso a biblioteca, devorei os livros
de Castro Alves.Sua criatividade, seu vocabulário vasto impressionava-me.
O professor e poeta Janilson Sales com o Diretor da Biblioteca Fenelon Barreto, João Paulo Araújo.
LAM - Você é professor com formação em
Pedagogia e especialização em Psicopedagogia. A seu ver, quais os principais
problemas da educação no Brasil?
Uma formação do profissional da educação que deixa a desejar. Não digo só
a formação inicial, mas no processo. O conhecimento é algo dinâmico que exige
do professor um contínuo aperfeiçoamento. Para isso precisaríamos acesso a
livros, seminários, congressos e tudo mais que atualize os conhecimentos.Mas
nesse ponto o fator econômico interfere. Em seguida elencamos uma interferência
política maléfica no fazer da educação, o que acarreta mudanças
impostas,descontinuidade de programas e políticas publicas educacionais.
LAM - Você é mestrando em Ciência da Educação.
Qual a proposta temática que você pretende levar para a sua dissertação de
mestrado?
A inserção de recursos da natureza no processo de ensino aprendizagem.
Com foco inicialmente na educação do campo, eu tento mostrar que é possível
apenas utilizando recursos da natureza par darmos uma proveitosa aula.
LAM - Mantendo-se, ainda, na área de Educação:
quais os principais problemas que você tem encontrado no processo de
ensino-aprendizagem em sala de aula?
Técnicas e projetos desfocados da questão puramente pedagógica. Visam
índices para verbas e dados para discursos políticos vazios. Dentro desta
conjuntura está o aluno não estimulado ao sentido real de estudar. Cabe a nós
professores um trabalho a mais: Primeiro dizer que o aluno precisa estudar e
depois é que vem os conteúdos.
LAM - Voltando para a poesia: você lançou um
cordel, O dia em que choveu na Terra dos Poetas. Qual a proposta desse seu
trabalho?
Linguagem de cordel com aparência de livro. Quebrando paradigma,
mostrando que o cordel merece lugar na estante.
LAM - Em 2011, você lançou o livro Formosos
pés. Fala dessa experiência pra gente.
Foi meu primeiro livro. E como tudo “primeiro”, marca. A maioria dos
poemas são sonetos que abordam o tema missões, evangelismo. Traz a visão cristã
de pregar a Palavra, divulgar o amor do salvador.
LAM - Em 2013, você lançou o livro Viver livre.
Fala dos propósitos dessa realização.
Viver Livre é também um livro de poemas, simples, soltos, fazendo jus ao
tema. Na verdade é um convite a observarmos as coisas simples da vida. Provoca
uma reflexão para entendermos realmente os temas básicos como amor, felicidade,
liberdade.
LAM - A partir de 2013 você passou a
desenvolver um projeto Museu do Homem do Campo que, inclusive, foi premiado e
mereceu destaque na revista Nova Escola. Conta pra gente sobre este projeto.
Inicia em
sala como incentivo para que os alunos vejam História a sua volta: nas coisas
de casa, no que seus pais fazem, dizem, conservam. Desta observação sugeri que
trouxessem a escola algo que representasse essa história. Foram chegando
moedas, ferramentas, fotos e tantos outros objetos que já não cabiam na sala.
Fizemos uma exposição no pátio da escola. No ano seguinte os alunos perguntaram
se novamente aconteceria a exposição. Vi nisto a importância que teve este
resgate da cultura e registro das vivências. E assim, só na escola, já fizemos
três edições.
LAM - Quais os projetos você tem por
perspectiva de realizar?
Dada a
experiência e sucesso da exposição do museu na Biblioteca Fenelon Barreto, é
certo que buscaremos outros espaços, dentro das viabilidades de locomoção. E em
breve lançaremos nosso próximo livro. Com certeza está vindo mais poemas.
Lançamento na Biblioteca Fenelon Barreto do Projeto Museu Homem do Campo.