INEXAURÍVEL EU
Pensei
que era apenas um
pensei
que fui o que já sou
pensei
que serei o que não sei
mas
serei ser o que quiser
Inexoravelmente
o futuro chegará
descobrirei,
então, que nada sou
Apenas
sentirei profundamente
que
posso pensar e entender:
os
vários xis de mim mesmo
é apenas um – inexaurível eu.
REVIVIDO ID
Num riste de
sobriedade laica
etilicamente
acobilhado e zamifeiro
rio lágrimas de
pexels em
paralelepípedos
Navego nos Alpes
Andinos como
licranco
em isagoge ovular e
lisarino
entorcegado.
Com quixós fui
apanhado e preso
por dipsomania,
fui, fui castigado e nu
ao leu dos azeites
azuis.
Sangrei até morrer
ávido de vida
lastimei o enterro
do meu ID
Renuindo diante dos
espíritos
ginjado em pelos
plastificados
reneguei à morte o
sal do meu viver.
Abnóxio e
ressuscitado, zumbri-me
cantei as sinfonias
astrais
contrariei o meu
Ego
revivi meu ID.
ASSASSINATO DA PAZ
Assassinada a paz
está
em esgotos
cerebrais de cinza
Cabeças, troncos e
membros
arrancados a
dentadas nuas.
Gritos
desideológicos em terror
calabouços de
clorofórmio e fossa.
Facão, pau, pedra e
chuncho
sangue, suor e
lamentos secos
entre grades de
agonia.
Matanças de
hominídeos bichos
bárbaros homo
sapiens, assassinos
humanas bestas-feras.
AFOITAS GOIFADAS
Os pássaros ciscam
alpistes de
chocolates
mergulhados num
caldeirão de cheiro
nas águas freventes
de azulejos azuis
Suas azas
esplendorosas de neom
sopram almas com
afoitas goifadas
Em cada talha um
talho
pra cada talho um
sulco
Mágicas imagens num
preto e branco
goifam-se num
labirinto
rítmico, métrico
e de amoníaco.
INTRÉPIDO CUSPIDO
Salivariamente
salivamos as babas
migalhas de amores
orgásmicos
paralelepípedos
flácidos, flisticos
Às asquerosidades
do mundo, um
escarro
nos cogumelos
venosos minários
o respaldo das
estrelas decadentes.
Ao berço plácido da
morte
um intrépido cuspido de repúdio.
USTÓRIO LIPSO
Abléfaro diante da
vida
não consigo piscar
meus lábios.
Num feticídio
enzuretado
vivo em
baquistárias noites
inteiradas em
aterros atrozes.
Nefrítico, urino
gotas de vergonhas
vomito hálitos de
ternuras
plasmo o néctar do
sexo
fundo-me lá dentro
de fora a fora
e num ustório lipso
lápso-me, uno-me e gozo-me.
GENTES NOITÍFERAS
À
noite, nos bares
zumbis
pretos e brancos
secam
suas vidas
em cada
gole multicolor.
Gados
embriagados frevem.
Frívolas
gentes noitíferas cantam
melodias
desconexas
desconectando-se
de si
mesmas.
Abraçam
o vazio
beijam
fetídicos ares.
Em
turbulências mórbidas
incham
e secam
São
rebocados ao ostracismo
dão adeus à vida.
ESCARROS DE PEDRA
Em
gripes poéticas
há
febrentinas palavras
cuspindo
frases
espirrando
versos
escarrando
as pedras.
Nos
delírios translúcidos
navegamos
em naves orbitais.
com
dores termométricas
vamos
ao mais longe da sanidade.
A cura,
ainda que cedo, tarda
a pedra, ainda que doentia, poeta.
ASCRIMÍNIO VERBORRÁSTICO
Nas
conversas ao pé do ouvido
sons
vibram em birgonáricos
os
timparinos tremem
Telúricos
acordes em colores, dançam
cílios
desconexos, atordoamse.
As
pernas, num trançado saltitante
correm
loucas labirintíticas
com
frases cuspidas em escarros.
verborrásticos
e híbridos
versos
incadenciados, voam
disrítmico,
a cor dão
sem métrica, se libertam.
BORBORÍGMA FLEBULAR
Nas
curvas de cada esquina
estacionamse
alegres
lamúrias
ventilosas
emoções singradas.
Em
borborígma flebular, eructam-se
manifestam-se
em
flatulências
embriagam-se
com
monóxido carbonário
Frenam
nas tortas linhas cerebrais
engolem
emoções empoeiradas
tossem
com força etanoica.
As
lágrimas de óleo diesel
denunciam
à vida
a morte
cotidiana
em cada um de nós.