CARROSSEL
DE POESIA
O historiador leu Paulo
Freire para o geógrafo
(com olhos de sede)
O geógrafo leu Josué de
Castro para o historiador
(com olhos de fome)
O religioso leu Chico
Xavier e Dom Hélder para o historiador e o geógrafo
(com olhos de Deus)
Poeticamente descoberto,
O humanista leu para o
religioso, o geógrafo e o historiador
A Rosa do Povo, Cem Sonetos
de Amor, Folhas de Relva
E o
Americanto Amar América
O POETA
CORDIAL
Nunca da minha boca
celeste:
Vossa Alteza, Vossa
Eminência
Vossa Excelência, Vossa
Magnificência
Vossa Majestade, Vossa
Reverendíssima
Vossa Santidade, Vossa
Senhoria
Agora, sempre sempre
o
senhor, a senhora, você, vocês!!!
SONHOS
... de prosa no táxi
Encantam-se o taxista e
três poetas
O poeta de agosto (com gosto
de morango)
Fala do rosto-Paris da
amada
O poeta de setembro (com
gosto de amora e laranja)
Fala do corpo carioca da
amada
O poeta de dezembro (com
gosto de manga, maracujá e pitanga)
Fala da alma campesina da
amada
Mais exaltado que as letras
Sorri o taxista:- Nunca vi
tanta poesia!
Sou mais
o meu amor porque é real!!!
CORAÇÃO
FEMINISTA
Merece uma rosa
e dois poemas
Quem inventou a
mulher romântica
Merece três
peixes e quatro pães
Quem inventou a
mulher aventureira
Merece cinco
perfumes e seis pinturas
Quem inventou a
mulher urbana
Merece sete
diamantes e oito músicas
Quem inventou a
mulher camponesa
E merece nove
vinhos e dez amores-perfeitos
Quem inventou a mulher artista
O
DESCOBRIMENTO DO BRASIL
Desdenhando a grande
Metrópole
Três fomes chegam ao auge
da devastação humana
A primeira fome estira as
mãos
Cadê meu pão?
A segunda fome espalha as
lágrimas
Cadê meu feijão?
A terceira fome estica o
sangue
Cadê minha mãe?
Uma moeda de solidão se
abriga no peito do Pai
Cinco moedas de sangue se
acolhem no peito do Filho
Dez moedas de sonhos se
agasalham no peito do Espírito Santo
O Brasil real é cruz na
carne do próximo
Não mais que de repente
Brota a nova flor azul
(com educação poética e
política)
Para dá
às três fomes o pão da “POESIA COM TODOS”
FRATERNURA
- Mulher favelada,
Foi por amor a José e João
Que na casinha periférica
Bebeste toda cachaça do
mundo
E alimentaste os
barrigudinhos com teu feijão preto?
-Sim, senhores da lei,
José e João são as nossas
entranhas, são as luzes da primavera!
- Mulher favelada,
Estás
livre para amá-los em qualquer verbo
COISAS
DO CORAÇÃO
Ela queria uma moda por mês
Após o sutiã francês, a
calcinha espanhola
O vestido de prada e o
batom de açucena
Ela queria uma forma
Para ser consumida por mês,
Após a macharia sedenta e o
tarado azul
O amante
(ex-prefeito,ex-governador e ex-presidente )
Lhe deu os mais tristes
presentes da nossa América:
O
desemprego e a fome do Brasil!!!
FLOR DA
IDADE
Na noite do ficar
A menina da liberdade
azulou o menino das aventuras
O menino das aventuras
havia sido azulado
Na manhã da luxúria por uma
gordinha paulista
Na tarde da carne vermelha
por uma negra baiana
E na madrugada do corpo
sagrado por uma morena pernambucana!!!
A menina da liberdade e o
menino das aventuras
Com beijos de violeta
Brotaram do tutano dos
amantes
E antes de chegarem à
tutela do amor
Eternizaram-se nas páginas
da paixão
No outro dia já eram
PÁSSARO
E PAISAGEM
IMPRESSÃO
DE AGOSTO
Chove em teu corpo
Teu rosto aparece no poema
do inverno
Degustando vinho italiano e
queijo francês
O orvalho prepara a grande
festa na casa do blues
E anuncia o homem,a
mulher,a fé,as estrelas
Nossa noite irá refletir
O pão significativo
A arte dilacerada
E a poesia possível
Amor, o que mais encanta
teu reinado de mulher do inverno,
A lua azul ou meu coração
de amante?
- Paixão do meu canto de
mulher,
A lua azul é minha camomila
E teu coração de amante é
minha melhor proposta de amor
Chove em meu corpo
Inauguro a minha única
revolução
AMAR A
TUA LUZ
POESIA,
POEMA E AMOR
Todos os dias a poesia
constrói a CASA DA ESPERANÇA
É o poema com duas dádivas:
A lábia
e o pé-de-luz do meu amor
JOSÉ TERRA CORREIA - Poemas
da obra Música de rua (Panamérica
Nordestal, 2014), do poeta José Terra
Correia. Veja mais aqui, aqui e aqui.