DERY NASCIMENTO, SUÍTE PALMARES & PLANETA MPB (Por Luiz
Alberto Machado) - Cometi um ato de indiferença
imperdoável, não por querer, mas por total negligência àquele ditado popular:
quem quer faz; quem não quer, manda. Explico: havia eu saído de uma gestão
conflituosa com os meus onze perfis topados no finado Orkut, quando um deles
foi invadido por um intruso que usou e abusou da minha imperícia em detoná-lo
num desses perfis. Resultado: para não perder as amizades, cometi orkutícidio.
Foi duma lapada só: os onze perfis foram por mim, um a um deletado, para evitar
maiores prejuízos. Acontece que, tempos depois, anos, acredito, com o
surgimento do Facebook, tornei-me arredio às tais redes sociais e me negava a
atender qualquer convite de participação. Relutei demais, até que uma pessoa
amiga abriu um perfil pra mim, sem meu conhecimento ou consentimento, logo
esborrando com uns cinco mil que aderiram. Tomei conhecimento e, mesmo sob a
mais ferrenha insistência, abri mão: queria mais nada não com rede social. Logo
a mesma pessoa abriu um segundo e, mais arisco que nunca, fui convidado a dar
uma passeada. Entrava, brechava, não entendia nada e saía. Nada a ver comigo.
Reiteradas insistências, tanto que findei entrando por conta própria, não me
agradando muito, delegando poderes para que fossem os perfis administrados por
quem se interessasse. É aí que acontece a minha falta. Vez ou outra apareciam
cutucadas e recados para eu responder, coisas que precisava aprender. Protelei
e passei batido: um tanto de convites que perdi a oportunidade de atender, sem
saber, que quando dei por mim, já era tarde demais. Entre tantos e muitos, um
deles foi de Dery Nascimento, me convidando para letrar sua belíssima canção
Palmares. Quando recebi o convite pela pessoa que administrava meus perfis,
fiquei superfeliz e fui ouvir a música enviada. Qual não foi minha surpresa de
ver um clipe da mesma música já letrada por uma outra pessoa. Aí fui checar: eu
que tinha feito papel feio, pois, fazia um tempão que o convite fora feito,
meses e meses, me dei conta só tanto tempo depois. Fiquei cá comigo: acho que o
Dery levou como desfeita minha. E com razão, eu não havia dado retorno sequer.
Nem sabia. Mas, destá! Aí comecei a mexer no troço, fui pro Twitter e juntei as
coisas. Fui me comunicando e tentando consertar o que eu havia derramado por
incompetência de manusear a ferramenta. Meti bronca. Aí passei óleo de peroba
na lata e encarei como desse. Não perdi a viagem: conheci uns clipes com
músicas da parceria Dery Nascimento, EFrank & Orquestra Invisível. Demais,
esse é dos bons (e dos meus, sou achegado mesmo aos progressivos). E ouvi e
reouvi, logo inseri nos meus programas radiofônicos que fazia aqui, ali, acolá,
alhures. Aprofundei a pesquisa e descobri vídeos com músicas de autoria e
outras parcerias do Dery Nascimento: cada uma mais bonita que a outra. Navegando
seus clipes, descobri o excelente blog: Planeta MPB. Lá estavam gente de peso,
outros que eu conhecia, parceiros do Clube Caiubi de Compositores, artífices de
boa música, uns que nunca tinha nem visto e passei a conhecer, enfim, estava
pra lá de ficar por dentro do compositor/blogueiro. Foi quando descobri que
ele, como eu, havia nascido na Terra do Una. Isso mesmo, conterrâneo que, como
eu, havia nascido e crescido no lugar que guardava as mesmas lembranças, os
mesmos lugares e Palmares City indelével como sempre. Já tinha virado fã da
obra dele, quando me inteirei melhor e tomei ciência de que se tratava de um
maestro gabaritado, formado na banda 15 de Novembro – a mesma que o maestro
Manoel Carvalho me contara haver iniciado seus estudos musicais, com o
legendário maestro José da Justa, ao passar mais de ano só solfejando pra ele
sem pegar no instrumento. Já o Dery foi de outra safra, do maestro Maurício
Malafaya, maestro que arranjou meus frevos na gravação que fiz com o músico
amigo Vavá de Aprígio, anos atrás. Tantas coincidências, tantas convergências,
resolvi passar tudo a limpo: peitei o Dery pruma entrevista. Desconfiava eu que
ele desse uma pulada fora. Mas não, simpático, gentil, cortês (ao contrário de
mim que olvidei do seu convite, mesmo que tenha sido sem querer, me dou por
incorrigível farrapeiro mesmo, negligência imperdoável da minha parte), ele
aceitou e me concedeu a entrevista que se encontra mais abaixo. Daqui meu
abraço e gratidão pela oportunidade de trazer paratodos, mais um talento
palmarense que hoje é compositor, maestro, radialista, blogueiro e crítico
musical de prestígio na capital paulista. Parabéns, Dery Nascimento, pelo
excelente trabalho, aplausos de pé!
LAM - Dery, quando e
como se deu seu encontro com a música?
Acho
que o primeiro contato musicalmente falando aconteceu em casa, pois meu irmão
mais velho tocava sua sanfona e aquilo me fascinou. Mais o contato teórico e
físico se deu no inicio dos anos 80 em Palmares –PE, quando fui com alguns
amigos fazer um teste teórico para entrar na banda de música 15 de Novembro. Lá
aprendi teoria com Maurício (Malafaya) maestro da banda e fiz parte por uma
década da banda e orquestra Ases do Frevo.
LAM - Quais influências
da infância e adolescência foram marcantes para sua definição profissional pela
música?
Como
falei meu irmão mesmo morando em Recife e vindo nos visitar em Palmares uma vez
por mês ou nós íamos até Recife, eu e minha mãe éramos recebido com música, um
bom forró, xote, baião, etc. Mas ele tinha muitos Lps em casa e as novidades em
lançamentos também. Lá eu ouvia muita coisa e o contato com a música mineira
foi de cara uma paixão. Mais Luiz Gonzaga, Trio Nordestino, Lafayette entre
outros.
LAM - Você além de
compositor é maestro. Fala pra gente como começou essa sua trajetória musical.
Tudo
começou na banda 15 de Novembro em Palmares –PE , depois continuei a estudar
aqui em São Paulo.
LAM - Muitas de suas
composições musicais possuem por cenário a cidade de Palmares, sua terra natal.
De que forma a cidade possui representatividade no seu processo criativo?
Saí
de Palmares fisicamente em janeiro de 1986, mas Palmares nunca saiu de minha
cabeça, cada rua, esquina, praça, estão fixadas na minha memória afetiva e isso
acaba influenciando a música que faço.
LAM - Como surgiu a
parceria Dery Nascimento &Efrank&Orkestra Invisível? Fala a respeito
desta sua proposta musical.
O
Edson Frank é um músico experiente aqui de Guarulhos, sua linguagem musical
instrumental se comunica muito bem com a minha, bebemos na mesma fonte dos
progressivos então isso foi um elo para começarmos a compor juntos para esse
projeto.
LAM - Você edita o
excelente blog Planeta MPB – Música com todas as letras. Qual a proposta desse
seu trabalho?
Esse
é um trabalho que faço com muito prazer, dá voz aos que a grande mídia jamais
vai dar. Recebo muito material de músicos independentes com muita qualidade,
isso é fantástico.
LAM - Você atua como
crítico musical em muitos veículos, além do seu blog. Qual a sua avaliação
sobre a atual música brasileira?
A
música brasileira continua boa, produtiva só que a grande mídia não mostra.
Acredito que se procurarmos em blogs ou coluna como a minha chegaremos a esse nicho de bons músicos e suas artes.
8 Que novos e novíssimos
nomes na música brasileira você destacaria?
Olha
tem muita gente boa, não quero ser injusto com ninguém, vou dá uma dica visitem
o www.planetampb.blogspot.com.br, lá vocês terão uma
infinidade de novos nomes e bons.
LAM - Você possui
diversos parceiros musicais. Fala da importância dessas parcerias no seu
trabalho e processo de criação.
Pois
é componho compulsivamente, muitas melodias e letras também. Tenho composto
bastante com um parceiro pernambucano MarselBotlho, mas tenho feito musica com
Sá (da dupla Sá e Guarabira), Paulinho Pedra Azul, Mauricio Santini, César
Magalhaes Borges, Edson Frank, Olivia Gênesi.
No
caso das melodias se elas não nascerem com letra eu sei para qual parceiro
mandar. Gera um certo ciúmes mais é assim mesmo, rsss.
LAM - Quais projetos
você tem por perspectivas de realizar?
Atualmente
apresento um programa de rádio todas as segundas feiras das 20 as 22 horas.
Circuito MPB na Rádio Brasil Atual FM 98,9 e pela Net www.redebrasilatual.com.br, sou curador do projeto
Talento MPB que acontece todas as quartas no Bar Brahma na avenida mais famosa
Do Brasil, a São João com a Ipiranga. Além de produzir shows e artistas e
escrever arranjos.
Tenho
muita coisa na cabeça, mais o tempo anda curto rsss. Meu sonho seria tocar em
Palmares no Cine Teatro Apolo.