sábado, maio 05, 2018

A PARNASO-SIMBOLISTA & A MODERNISTA POESIA DE ASCENSO


SEMANA ASCENSO FERREIRA – As comemorações da Semana Ascenso Ferreira (1895-1965) na Biblioteca Fenelon Barreto, consideram o seu nascimento no dia 9 de maio e o seu falecimento no dia 5 de maio, mesmo considerando que para os palmarenses, este poeta continua vivo em nossos corações. Na primeira parte das homenagens, a fase parnaso-simbolista:


SONETO

Ascenso Ferreira

O mundo é mesmo assim: - luta o homem pela glória
Na faina de escalar o próprio pensamento!
Luta, e o cérebro sonda, a procurar atento
Aumentar do saber a longa trajetória.

E assim nesse labor, nessa ânsia tormentória,
De enfim chegar ao fim com o derradeiro invento,
Corta o mar, sulca a terra e altivo doma o vento
Pelas mil invenções de nos fala a história.

Doma, mas, no pensar ter o fim conseguido,
Desesperado vê, pelo mesmo atingido,
Que o saber não tem fim, que é inútil seu labor.

E que a essa conclusão é a História que o conduz,
Pois, - se Dante assinala um século de amor,
Marca Victor Hugo um século de luz.

ASCENSO MODERNISTA – Depois da fase parnaso-simbolista de Ascenso Ferreira, reunido em estudo realizado por Jessiva Sabino de Oliveira, Juareiz Correya e depoimento de Luís da Câmara Cascudo e Manuel Bandeira, o poeta passa a ser considerado como integrante do movimento Modernista brasileiro, reconhecido por Mario de Andrade, Afrânio Coutinho, Aderaldo Castelo, Wilson Martins, Alceu Amoroso Lima, Sergio Milliet, Roger Bastide, entre outros, quando alcança projeção nacional.


BOCA DA NOITE

Ascenso Ferreira

Já não brincam como crianças as árvores verdes,
as lindas árvores verdes de minha terra tropical!
Meninas obedientes vão cedo para o agasalho
e vestem o timão pardacento das sombras!
No rio lerdo as baronesas movem-se lentas,
Tão lentas que até parecem paradas!
– As baronesas que vão a caminho do mar...
Cantam as araquãs na mata silenciosa
onde há rumores confusos de vozes estranhas...
– Talvez pássaros que se aninham!
– Talvez caiporas a gritar!
Ai! Eu tenho medo das caiporas
que andam pelas florestas a vagar...
No azul cansado brilha primeiro o olho vivo da Papa-Ceia!
E eu vejo a boca-da-noite
mastigando o sol
como um fruto passado.

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