SEMANA ASCENSO FERREIRA – As comemorações da Semana Ascenso Ferreira (1895-1965) na
Biblioteca Fenelon Barreto, consideram o seu nascimento no dia 9 de maio e o
seu falecimento no dia 5 de maio, mesmo considerando que para os palmarenses,
este poeta continua vivo em nossos corações. Na primeira parte das homenagens,
a fase parnaso-simbolista:
SONETO
Ascenso
Ferreira
O mundo
é mesmo assim: - luta o homem pela glória
Na faina
de escalar o próprio pensamento!
Luta, e
o cérebro sonda, a procurar atento
Aumentar
do saber a longa trajetória.
E assim
nesse labor, nessa ânsia tormentória,
De enfim
chegar ao fim com o derradeiro invento,
Corta o
mar, sulca a terra e altivo doma o vento
Pelas mil
invenções de nos fala a história.
Doma,
mas, no pensar ter o fim conseguido,
Desesperado
vê, pelo mesmo atingido,
Que o
saber não tem fim, que é inútil seu labor.
E que a
essa conclusão é a História que o conduz,
Pois, -
se Dante assinala um século de amor,
Marca Victor
Hugo um século de luz.
ASCENSO MODERNISTA – Depois da fase parnaso-simbolista de
Ascenso Ferreira, reunido em estudo realizado por Jessiva Sabino de Oliveira,
Juareiz Correya e depoimento de Luís da Câmara Cascudo e Manuel Bandeira, o
poeta passa a ser considerado como integrante do movimento Modernista
brasileiro, reconhecido por Mario de Andrade, Afrânio Coutinho, Aderaldo
Castelo, Wilson Martins, Alceu Amoroso Lima, Sergio Milliet, Roger Bastide,
entre outros, quando alcança projeção nacional.
BOCA DA NOITE
Ascenso Ferreira
Já não
brincam como crianças as árvores verdes,
as
lindas árvores verdes de minha terra tropical!
Meninas
obedientes vão cedo para o agasalho
e vestem
o timão pardacento das sombras!
No rio
lerdo as baronesas movem-se lentas,
Tão
lentas que até parecem paradas!
– As
baronesas que vão a caminho do mar...
Cantam
as araquãs na mata silenciosa
onde há
rumores confusos de vozes estranhas...
– Talvez
pássaros que se aninham!
– Talvez
caiporas a gritar!
Ai! Eu
tenho medo das caiporas
que
andam pelas florestas a vagar...
No azul
cansado brilha primeiro o olho vivo da Papa-Ceia!
E eu
vejo a boca-da-noite
mastigando
o sol
como um
fruto passado.
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