sexta-feira, março 08, 2013

SILVIANE BELLATO





Silviane Bellato é a diva da ópera brasileira.

Com dupla nacionalidade, brasileira e italiana, esta soprano estudou canto com o Maestro Carlos Vial e repertório com Vania Pajares.

Em 1998 e 1999, estudou com Magda Olivero, em São Paulo, e no curso "Francisco Viñas" de interpretação operística em Barcelona - Espanha.

Foi vencedora do concurso brasileiro de canto "Maria Callas" no ano de1999.

Em agosto de 2000 participou do curso de Interpretação operística com a soprano Renata Scotto, em Ischia - Itália.

Participou do Master classes do soprano Virginia Zeani e Fedora Barbieri.

Em 2002 frequentou o curso de aperfeiçoamento em canto do Instituto Superior de Artes do Teatro Colon de Buenos Aires, Argentina sob Orientação do soprano Mirtha Garbarini e Maestro Reinaldo E. Censabella.

Sua estréia como cantora se deu em 2003, foi no Teatro Colón, na Argentina, com o papel de "Amelia" do Simon Boccanegra de Verdi, sob regência de Massimo Biscardi e direção de Juri Constantino.

De lá pra cá, tornou-se uma determinada artista em busca de seu objetivo maior: cantar nos grandes teatros ao redor do mundo, interpretando, por exemplo, "Nedda" da ópera I Pagliacci, de Leoncavallo, Micaela da Carmen de Bizet, Pamina de "A Flauta Mágica" de Mozart, além da cena final da Norma de Bellini, dentre outras apresentações.

Sua voz é de grande qualidade e beleza com um futuro promissor para intérprete do repertório verdiano e belcantístico. E a seu respeito, escreve José Carlos Neves Lopes, editor do Guia de Ópera do Projeto SobreSites: "Trata-se de um soprano de talento inegável. Cantora jovem que teve seu talento reconhecido e estimulado por Renata Scotto em master class. Não encontrando no Brasil as oportunidades que merecia por suas qualidades, foi para Buenos Aires onde estudou no Colón e lá se apresentou em algumas ocasiões. É lamentável que cantores (as) com esse potencial não encontrem em sua terra natal o espaço que merecem".

Nesta entrevista você vai conhecer mais sobre esta determinada soprano.

LAM: - Silviane, inicialmente vamos para a pergunta de praxe: como foi a descoberta pela arte?

Desde criança gosto de música. me lembro de ficar imitando cantores na frente do espelho quando era criança, depois veio a vontade de aprender violão. Comecei com as aulas de música aos 16 anos e aos 18 anos eu queria muito cantar, então através de um colega músico fui indicada para estudar canto com um professor de canto lírico. À partir daí fui me apaixonando pela ópera e em pouco tempo troquei o violão e a música popular pela erudita.

LAM: - Você tem dupla nacionalidade: brasileira e italiana. Isso favoreceu a sua opção pelo canto lírico?

Não. Na época em que eu comecei a estudar canto lírico eu nem associava uma coisa com a outra, mas claro que depois percebi que este fato facilitaria alguns caminhos em minha carreira.

LAM; - Quando se deu a opção pela música clássica, pela ópera, pelo canto lírico?

Aos 18 anos, quando conheci meu primeiro professor de canto, já nas primeiras aulas com ele fui me apaixonando pela ópera, gostando da idéia de um dia subir em um palco para além de cantar poder interpretar personagens. Também minha personalidade se identificou com o estilo.

LAM - Como é a experiência de fazer música erudita? E o que você destaca na música erudita brasileira?

O canto lírico é uma arte que exige muita dedicação e muitos anos de estudo para se alcançar um bom nível. Subir em um palco e saber transmitir a arte ao público, poder mostrar o resultado de um trabalho sério de anos é compensador tanto no aspecto artístico como pessoal.

Vou expressar minha opinião especificamente sobre a ópera: Tenho visto que vem se expandindo o número de produções de operas e festivais em vários lugares do Brasil, mas ainda é pouco. O governo deveria investir mais nas propostas apresentadas para expansão deste gênero artístico abrindo mais espaços para produções de espetáculos líricos, concursos de canto, escolas de música, festivais para que o artista brasileiro tenha mais oportunidades de desenvolvimento e realização profissional.

LAM - Você teve incursão inicial pelas missas de Schubert e Haydn, e depois incorporou no seu repertório Verdi, Mozart, Strauss, Puccini, Leoncavalo, dentre outros. Como é o trabalho de selecionar tais nomes? Quais os critérios?

O critério é: Cantar o que fica bom para sua voz! Como se a música fosse uma luva que deve encaixar perfeitamente, assim deve ser o repertório que o cantor tem que escolher. Eu no começo de meus estudos cantava um repertório mais leve, adequado para uma jovem soprano em início de carreira. Com o passar do tempo minha voz foi se tornando mais madura e aí pude começar a cantar obras de Verdi e Puccini. Como tudo tem seu tempo para acontecer na voz do cantor também existe um tempo adequado para começar a cantar determinada obra. A dez anos atrás minha voz era mais leve, cantava mais obras de Donizetti, Mozart, hoje com 35 anos de idade e com a voz mais madura posso cantar obras de Verdi e Puccini com tranquilidade. Claro que isto também se deve ao fato de sempre estar estudando, trabalhando para que a voz se desenvolva. também penso no lado da personalidade, afinal nada mais gratificante do que um cantor poder cantar um papel que se identifique em alguma característica do personagem!

LAM: - Você já cantou na Argentina, na Itália, Espanha, como você se vê uma brasileira cantando ópera? Como é o tratamento dispensado por ser brasileira?

Sempre fui muito bem tratada na maioria dos lugares que estive, claro que encontrei algumas pedras no caminho, mas o meio artistico é assim mesmoem qualquer lugar. O importante é saber se valorizar.

Por enquanto de todos os lugares em que cantei vou dizer que a Argentina foi o lugar que mais me marcou, pois foi lá que encontrei o incentivo para crescer em minha carreira, o que no Brasil nunca havia recebido. Foi lá minha estréia operística em 2003.

LAM: - Como você vê o tratamento da música erudita no Brasil? É possível fazer música erudita no Brasil?

Gostaria de não falar muito sobre a música erudita no Brasil, somente que muita gente boa está sem trabalhar por falta de abertura, de espaço. O que precisa acontecer é que as portas se abram para todos os artístas talentosos e não somente para alguns. A graça da lírica é a renovação dos interpretes senão fica sempre aquela mesmice.

LAM; - Você se apresentou no Sesc Vila Mariana, em abril último. Como foi e como é a receptividade brasileira para o seu trabalho?

Fui muito bem recebida no Sesc Vila Mariana e pelo público lá presente.

LAM: - A seu ver, o que deveria ser feito para uma melhor difusão da música erudita no Brasil?

Deveria aumentar a "Visão cultural" e que alguns outros interesses não interferissem no desenvolvimento e crescimento artístico de um determinado lugar. È preciso que invistam e abram mais oportunidades aos artistas brasileiros que se dedicam por tanto tempo em seus estudos e muitas vezes nunca chegam a participar de um espetáculo. Santo de casa faz milagre sim!

LAM: - Quais os projetos que pretende desenvolver?

Ainda estou só no começo de minha carreira, cantei no Colon de Buenos Aires, o mais importante Teatro da América Latina e um dos mais importantes do mundo e lembrar disso me dá muita força para seguir adiante com meus planos, afinal é um belo começo de carreira ter cantado no Colon, não? Atualmente estou me preparando com o tenor Antonio Lotti para algumas audições fora do Brasil. Estou muito otimista!

CONHEÇA UM POUCO MAIS SOBRE SILVIANE BELLATO - Uma Artísta de Valor

Silviane Bellato, soprano nascida em São Paulo em 19 de Março de 1971, iniciou seus estudos de violão aos 15 anos vindo mais tarde aos 19 anos iniciar suas aulas de canto lírico. Foi aluna da Escola Municipal de Música de São Paulo, Instituto Superior de Artes do teatro Colon de Buenos Aires e Renata Scotto Opera Accademy. Dona de uma voz privilegiada de belíssimo timbre e interpretação envolvente e marcante, Silviane que começou sua carreira cantando papéis mais leves de soprano lírico vem gradualmente evoluindo para papéis mais pesados e hoje assumindo seu repertório de Soprano Lírico Spinto prepara papéis do repertório Verdiano e Pucciniano como Leonora (Il trovatore) Elvira (Ernani) Amelia (Ballo in Maschera) Madama Buetterfly (Puccini), entre outros.

A artista teve seu debut no Teatro Colon de Buenos Aires em abril de 2003, aos 32 anos de idade onde interpretou o papel de Maria Boccanegra da ópera Simon Boccanegra de Giuseppe Verdi vindo em seguida a apresentar-se em diversos Teatros do Brasil e Argentina onde cantou sob regência de nomes como Charles Dutoit, Massimo Biscardi, Jacek Kaspszyk, Alexey Smirliev, e no Brasil sob regência de Mandredo Schmiedt, Luiz fernando Malheiro,Silvio Barbato, Mateus Araújo, André Cardoso, Carlos Fiorini, Jefferson De La Rocca onde foi dirigida por Ladislav Stros, Yuri Constantino, Georges Delnon, Moacir Goes, André Heller, Caetano Vilela, entre outros. E veja mais no site Silviane Bellato.

OBS: Entrevista concedida em 16 de outubro de 2005.