Foto: Tata Duda
Tenho que agradecer à vida por ter sido contemplado na minha existência com a interessante experiência vivida entre o aprendizado e a reflexão. Tudo que vivi valeu pela satisfação de viver. E um desses momentos agradáveis que fui premiado, está o de ter conhecido o trabalho belíssimo da cantora, compositora e bailarina Tatiana Cobbett. Para quem não sabe, ela é formada pela Escola de Danças Clássicas do Teatro Municipal do RJ e trabalhou 12 anos na companhia paulista Balé Stagium, percorrendo o Brasil, América Central, América Latina e alguns países da Europa. Também é autora e atuou como intérprete do musical "Mulheres de Hollanda", sob a direção de Naum Alves de Sousa. Atuou como diretora e concepção dos espetáculos Alma Flamenca, Grito das Flores, Esta Terra Portugal, Festival Três Bandeiras, Partituras da Itália nas Vozes do Rio e dos shows de Badi Assad, Carlinhos Antunes, Tutti Baê, Janet Machnaz e Joel Brito entre outros. Desde 2000, ela vem desenvolvendo uma parceria com o músico/cantor/compositor gaúcho - Marcoliva - um trabalho de composições próprias registradas no cd Parceiros. Ela também publicou o livro de poemas e letras, intitulado - Básicas Composições. E está desenvolvendo o projeto Bendita Companhia, com o músico Marcoliva.
Para provar do presente que fui agraciado ao conhecer o trabalho desta bela mulher e artista, está a gentil entrevista concedida pra gente por ela.
Com você, Tatiana Cobbett.
LAM - Tatiana, vamos, inicialmente, para a pergunta de praxe: como foi e quando se deu seu encontro com a arte? Quem chegou primeiro: a bailarina, a poeta ou a cantora?
Bom primeiro chegou a Tatiana, Tatá , para os chegados...
Filha de artista e fomentadora cultural, meu - pai William Cobbett era diretor de cinema e minha mãe produtora cultural, ambos falecidos mas com uma trajetória muito rica.
Meu nome vem de uma espécie de promessa de expectativa, meus pais haviam importado (Tabajara Filmes foi a primeira empresa importadora de filmes russos para o Brasil) o filme - “Quando voam as Cegonhas” e a fila na porta do cinema me legou o nome da estrela do filme.....rsrsrs....já um prenúncio de sorte...viva!!
Cresci em meio á muita arte e muita batalha cultural e minha opção pela dança se deu muito cedo também, já aos 15 anos dançava semi-profissionalmente na Cia de Dança INEART, uma espécie de celeiro para o T. Municipal na época.
LAM - Quais influências marcaram sua infância e adolescência na formação da artista Tatiana Cobbett?
Além da família e toda a efervescência do cinema Novo, o movimento estudantil e algumas pessoas têm para mim este apelo, Lídia Costalat (diretora da Escola de Danças) uma artista muito a frente do seu tempo... inovadora mesmo, Lourdes Bastos (coreógrafa e professora de dança moderna) e o músico Candeia....as rodas de samba na sua casa me colocaram pertinho da nata da nossa música.
LAM - Vamos primeiro falar da bailarina. Você se formou na Escola de Danças Clássicas do Teatro Municipal e trabalhou por 12 anos no Balé Stagium. Conta, então, como se deu o aprendizado até a formação na área de dança?
Bailarino começa cedo, educar o corpo é lida de todo dia e por horas.
A escola de danças do TM é até hoje um centro de referência para se formar bailarinos, além da multiplicidade de técnicas está sempre buscando se aprimorar e conceitualiza com liberdade as cabeças, ali tudo relacionado ao dançar é importante e você exercita sua capacidade física, crítica e reflexiva.
Tive oportunidade também, de passar uma temporada em NY, me reciclando e quando encontrei o Stagium eu soube com absoluta certeza que aquela era a dança que eu queria fazer, a maneira como eu queria me expressar e “mudar o mundo”...rsrsrs....e salve salve a adolescência!!
A temporada no Stagium me deu a chance de conhecer e questionar a realidade do meu país e de outras terras, de olhar a arte com responsabilidade, de ter um ideal e buscar esta realização com certeza o grosso da minha formação enquanto ser/cidadão eu credito a vivência com os profissionais companheiros daquele tempo a Marika Gidali e ao Décio Otero
LAM - Como se deu a passagem da cantora para a compositora? Fala do canto, onde a intérprete vai para o trabalho autoral.
No meu caso a coisa se deu ao contrário.
Primeiro meu parceiro – Marcoliva - me afirmou que eu fazia música e tratou de colocá-la no violão....com a tampa aberta tive que lançar mão dos instrumentos que tenho (voz e corpo) para poder esvaziar as gavetas que já estavam se entupindo....rsrsrrs
Mas a verdade é que sigo aprendendo sempre.
LAM - Você é autora e, ao mesmo tempo, a intérprete que dirigiu e concebeu diversos espetáculos. Como se conjuga esse rol de atividades e resultados?
A atividade cultural é uma dureza e nada é viável sozinho, sou muito ativa, adoro os processos é no processo que tudo se torna possível.
Assim estou sempre aberta e com resultados melhores ou piores, para mim o importante é buscar o fazer.
LAM - Você também é autora de poemas e contos, tendo já publicado um livro de poemas: o Básica Composições. Como se dá essa incursão também pela literatura?
Ler...ler...ler...ler alimenta todos os sentidos.
Sempre tive o hábito de escrever, escrevia coisas que via nas turnês, escrevia pra desabafar, escrevia coisas que lia ou ouvia para não esquecer até pra dar dura nas crianças eu escrevia cartinhas....enfim.
Nunca me penso como uma escritora, apenas escrevo e fico por ali rodeando os escritos buscando lacunas, relevos, cores , texturas, tentando reconhecer o sentimento, o assunto
LAM - Fala agora da sua interessante parceria com o Marcolinva.
Esta é a melhor parte.
O Marcoliva é um artista de muita fibra, um poeta, violeiro e cantador que nos encanta com sua generosidade e afinco.
Mais do que música nosso encontro forçou a nos aprofundar na questão parceria e entender a arte/cultura como um bem universal. Preservar a individualidade, olhar o outro com curiosidade e se preencher com a diversidade é uma aposta nossa e já estamos com o pé nesta estrada há 8 anos.
LAM - A internet tem contribuído para a difusão do seu trabalho musical, de dança, literário e suas outras atividades artísticas e profissionais?
Com certeza, é fascinante e libertária e revolucionária....tem muita porcaria mas aos poucos estamos todos nos dando conta. Sites como o Clube Caiubi são uma prova disso, a moçada além de talento trata tudo com responsabilidade e inventividade....e faz a fila andar...içaa!!
LAM - Eu conheci seu trabalho por meio do Clube Caiubi. Qual a sua expectativa com o Clube? Tem conseguido interagir com outros artistas? A coisa é mesmo pela comunhão e solidariedade ou o que vale é o "bloco do eu sozinho"?
Meio que já respondi...mas...sim, tenho conhecido um monte de gente boa que vêm fazendo e partilhando seu melhor, claro que só no virtual fica complicado pois temos as contas do fim de mês e, como dizia minha mãe: trabalhar com arte é pedir esmola pra dois...rsrsrs.
Mas esta circulação gera alguma produção, conhecimento, colaboração então o caminho é este com certeza
LAM - Quais os projetos e perspectivas de Tatiana Cobbett está para realizar?
Nossa meta agora é terminar nosso trabalho (em faze de masterização) Bendita Companhia - o disco vem coroar, com 19 faixas, nossa proposta de parceria e trás músicos/compositores de variadas origens, tendências e referências, fruto deste nosso circulado estradeiro...
Queremos também,voltar a reunir esta turma e fazer a coisa acontecer nos palcos, uma maneira de mostrar a multiplicidade que a parceria gera e segue recolhendo as tantas pérolas que este nosso território produz....oxalá!!
Outro projeto é construir uma parceria música/dança - um trabalho de composição íntima - estamos pesquisando, temos ministrado oficinas nesta direção e penso que mais pro adiante vamos encontrar o como e parceiros interessados..
eh vida!!!!! beijares nossos
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